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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Homenagem! Talentos de Nossos Tempos 01

Sirlei Passolongo


Abraça-me

Enquanto a lua não dorme
E o sol faceiro acorde
E te leve pra longe de mim
Deixa-me sentir seu calor
Na paz do seu abraço
Numa magia sem fim.
Beija-me...
Quando o sol se levantar
Faça-me juras de amantes
Deixa-me sentir seu gosto
Impregnado na boca
Pra que na saudade louca
Te sinta junto de mim.
E quando a tarde cair
Quase louca de saudade
Eu te busco e te preciso
Você volta para meu colo
A lua acende o sorriso
A noite sonda indiscreta
E o nosso amor... Assim
se completa.

Sirlei L. Passolongo

Engano
.

Quando você chegou
Meu coração fez festa
Sonhou dias iluminados
Sorriu tudo que havia desejado

Quando você chegou
Meu coração fez planos
Fantasiou felicidade por anos
Fez me flutuar junto aos anjos

Agora,
Tudo que um dia foi festa
Os sonhos que iluminou
Não se vê nem pela fresta
Os planos que desenhou
Contigo partiu...
e nada mais resta.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora


Sedução!
Envolva-me
No seu abraço,
No calor do seu beijo
Envolva-me feito um laço.
Ao sabor do desejo
Aqueça-me em seus braços.

Ama-me
À luz do luar
As estrelas, a espiar
E no silêncio da noite,
O desejo a nos aguçar.

Sinta-me
Em suas mãos,
Alucinadas caricias
Repletas de pura malícia
Ah!Provoca-me... E atiça.

Ama-me...
À luz da manhã
O sol, a nos aquecer
Ah! E na luz do novo dia...
Veja quem quiser ver...
O nosso amor acontecer.
(Sirlei L. Passolongo)


Poeta Mineiro


SONETO – ESCUTA-ME

Não dê ouvidos as conversas alheias,
Sofres por não querer escutar-me,
Jamais deixarei, um dia de amar,
Como as ondas do mar, sempre ondeia,

Tu és meu caminho, minha vida,
Em tuas curvas quero deslizar,
Chama em brasa, com beijos apagar,
Aliviar esta dor tão sofrida,

Culpa não tem, minha amada querida,
Ciúme é amor e querer também,
Não deixe esta dor virar ferida.

E serei sempre teu e de mais ninguém,
Não chores, são lagrimas sentidas,
Ver-te sofrendo só a eles que convém.

Autor: Poeta Mineiro


LUA.
A filha da noite ao céu desponta,
Banha a terra com chuva de prata,
É para os poetas – a bela que encanta,
Inspiração, romantismo só ela retrata.

Nos versos que faço ao meu amor,
Tem mais brilho, e se torna eloqüente,
Quando ela desponta com todo glamour,
É a noite dos boêmios - serenata envolvente.

Enamorando a lua, penso em você,
Tua imagem me vem com sorriso angelical,
O desejo invade, o coração quer saber,
Oh! Meu amor, porque esse sonho não é real.

No firmamento, vejo uma estrela cadente,
Sinto o peito sangrar - dor da paixão,
O corpo transforma em delírio fremente,
Oh! Amada minha, tirai-me desta solidão.

Autor: Poeta Mineiro.



SOLIDÃO...
As ondas que beijam a areia que piso,
Ouço a voz do vento num lamento triste,
E o chorar das aves é como aviso,
Recordo o momento quando tu partiste.

Os raios do sol o meu corpo envolvem,
Com carinho e ternura sinto-me confortado,
São como seus braços que outrora,
Envolto ao meu corpo – me sentido amado.

Chega a tarde o sol se dispersa,
Uma brisa suave e com ela o luar,
No meu idílio, já não tenho pressa,
Conforto-me com a chuva de prata que cai sem parar.

Estrela solitária que no céu desponta,
Com seu brilho ofuscado da solidão,
Meu peito arrebenta num longo pranto,
Da dor e angustia da separação.

Autoria: Poeta Mineiro.


DOR DO ADEUS.
Quem sou eu?
Antes fui amor ardente,
Que o vento levava sorrindo,
E semeava a sua semente.

Quem sou eu?
Hoje um amor sofrido,
Que o vento esqueceu,
E tem um coração partido.

Amei o vento, a brisa e o vazio,
Tive sonho, ilusão e fantasia,
Vi pela estrada quando ele partiu,
Deixando pra trás toda agonia.

Culpado fui eu, desse amor viver,
Amor irreal feito de energia,
A tua imagem eu quis conhecer,
Energia é abstrata, nada se via.

Adeus meu amor, minha ilusão,
Como amei, e amo essa fantasia,
Que um dia nasceu no coração,
Hoje na estrada da vida sumia.

Autor: Poeta Mineiro.


Rob Azevedo



Vindo dos povos pagãos

Celtas e Druidas
Sou cavaleiro da Távola Redonda
Meu nome é Lancelot
O servo fiel da Rainha
Do Reino Pós Moderno da França
Seu nome é Guinevere

Na ceia em que nos fartamos
Os manjares têm o gosto
Da maçã do pecado
E tudo que é proibido

Mas somos pagãos
Nossa deusa é Lilith
E o Amor
Desde os tempos do Caos
Ab Aeterno
Em camas onde florescem rosas
Ela sempre permite

Porque lá fora
A fogueira crepita
É alta a chama
Mas tão logo haverá de se apagar

E num pergaminho sagrado
No reino da Filosofia
Lemos ensinamentos epicuristas:

"Coroemo-nos de rosas
Enquanto não murcham"



Rob Azevedo


Partida
Da janela do quarto
Vejo o tempo
O céu carregado
Montanhas ao longe
Os prédios da cidade
As ruas vazias
Tudo é tão cinza sem você...
Vejo teu retrato
Na parede
O que restou
Mas guardo em mim
As lembranças
De cada beijo dado
Carícia ou abraço
Memórias do passado
Que ainda me fazem
Suspirar e repensar
Minha vida sem você
Tão vazia e sem sentido
Que me encontro perdido
Feito menino de castigo
Em pleno parque de diversão
Maldade...
Despedaçar assim meu coração!
Tudo se desfaz
Sonhos, planos, quimeras
Em palavras secas
Lágrimas contidas
Um aceno de mão
Um adeus
E você se vai
Resta-me agora
Mais uma vez
A eterna companhia
Dos abandonados
Um drink, um cigarro
E lá fora
O céu é cinza
E a chuva cai...


Rob Azevedo

Rosa à Deriva


A nau de meus lábios
Deriva em mar alto
A rosa que guarda
Lentamente naufraga
Emudecida
Pousando suavemente
Nas águas profundas
D`outros amores

Juradas flores
Doces encantos
Versos e rimas
Derramam prantos
Lastimosa definha
A rosa prometida
Num mar Salgado
De Olhos D`Água vertido

Os mares tragam
Envolvida nos braços
D`outro amor
Sorve o regato
De água potável
Restitui a vida

A rosa
Nos lábios guardada
Encontra a Orquídea
Bela encantada
Serena e plácida
Cor violeta

A Poesia nasce
Verdadeira
Na alma do Poeta!
Num riso profundo
O ser liberta
P`ro Amor...

Num canto sutil
Sincero, transborda
O regato de alegria
Nutre a rosa
Beijada pela Orquídea
Cor violeta

Flor sincera
Sagrada e agradecida
Mão sacrílega
Não tem

Da rosa cuida
Tão docemente
Com tanto zelo
Regando os canteiros
Florescendo tantos beijos
Que a conta perco...

Orquídeas eu colho
Na seda suave
Perfumada
De seus cabelos
Negros

Entendo os milagres
Em tudo o que diz
A Orquídea
À Rosa que guardo
Em meus lábios

A flor amada
Emanando raios fulgidos
Violetas
Concede ao poeta
Sem que peça
Noites com Sol
De puro Amor

Rob Azevedo



Poeta Cida Luz



Coração que brilha...

Passei por um coração...
Ele chorava...
Meus passos hesitaram...
Bem quis seguir em frente,
Mas aquele coração muito sofria...

Percebi uma porta entreaberta
Despejando mágoas...
Entrei...
Tudo tão escuro... Sem luz que
Pudesse clarear o caminho.

Nunca vira coração mais triste...
Preso na morbidez do desencanto,
Do amor ferido...
Pulsando sentimentos fora do lugar.

Afaguei aquele coração...
Limpei angústias...
Lustrei o amor...
Deixei em cada canto um sorriso...

Parti sem que ele notasse
Minha presença...
Muito distante, olhei para trás...
Havia o brilho da vida...
E sorri... Seguindo minha estrada!...

(Cida Luz)



Ternura de um coração...
Quisera um amor que findasse o pranto...
Um sorriso que enfeitasse dias em desalento.
Um motivo para não sofrer tanto...
Alguém que não partisse do meu momento.

Quisera a cumplicidade de um encanto.
Um querer dominando sem tormento...
Um forte abraço eliminando o quebranto.
Uma rosa ofertada no calor do sentimento...

Quisera a beleza da vida quando se ama,
Paixão que a cada encontro inflama...
Realidade plena... Toda emoção.

Pensamentos em sintonia com a paz,
Quando um grande amor docemente se faz.
Ter certeza absoluta da ternura de um coração!...

(Cida Luz)


Saudade que me ama...
Busquei meu sorriso em teu olhar.
Quando procurei tua emoção,
Já havias partido do meu jeito de amar.
Restaram gestos perdidos, sem ação...

Bem quis gritar minha dor, te fazer escutar...
Ouvi ecos da dorida frustração...
Não tinha mais como o amor buscar.
Coração viu-se sozinho, sem proteção...

Derramei pranto no caminho,
Em que murmurava teu nome baixinho...
Vento açoitando o despeito.

Vida largada nos braços da tua.
Noite em que comigo chora a lua,
Quando saudade me possui no leito!...

Cida Luz

Falando de você...
Falando de você...
Quando você vem, o contentamento
Provoca sorriso carregado na euforia.
Saudade já não parece sofrimento.
Sua presença traduz calmaria.

Chega à mansidão que expulsa tormento.
Trazendo os beijos que tanto queria...
Em doce abraço, acolhe meu lamento.
Viver sem seu carinho, não poderia.

Amor que me toma ternamente...
Põe a mão no coração suavemente.
E alegra-se com a emoção célere.

Ama-me em sussurros apaixonados...
Acalentando os desejos tão esperados.
Castigo da paixão que não fere!...

Cida Luz



Felicidade...
Conspiração do amor com
A natureza...
Sol, vento... Alegria de
Ter-te no coração...
Sopro de brisa
Feito vigor na força da paixão.

Sorriso aberto na chegada do
Tão esperado...
Sentimento leve... Livre de
Limitações...
Encontro de almas.

Indução à paz que acaricia.
Viver na certeza de felicidade...
Resposta certa.
Prece atendida.
Promessa selada em
Um beijo...

Fé de quem verdadeiramente ama.
Ternura doada a cada gesto...
Caminho certo a seguir...
Cumplicidade do céu com mar...
Vidas cruzadas...
Perfeição...
E faz-se querer eterno!...

Cida Luz

O Mar e Você


O Mar e Você

O mar avança
suavemente pela areia
molha meu corpo
que tem você sobre ele.

Sinto suas mãos ávidas quando
o percorrem carinhosamente,
parecendo querer esculpir
uma estátua com a areia.

A lua no céu continua linda
brilhante,
as estrela sorriem para nós,
não ofereço resistência
a você,
sinto-me estremecer a seu toque.

Suas mãos avançam
como avança o mar
num frenesi ardente
levando-me a explosão
total de sentimentos.

Ficamos assim longamente
até saciar nosso desejo
então,
deitados sobre a areia
adormecemos de mãos dadas.

Marta Peres

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

ILUSÃO

ILUSÃO

Volta
a cotidiana tirana
rasga sonhos
atiça quimeras
ronda em rosas cores
quebra pratos
amacia
acaricia
bate forte
apaga-se
e retorna
ondula afagos
estende as garras
suavemente
ninhos nuvens
ilude, intenta
sedenta de chagas
cinzas doloridas
nunca morre...


Ana Wagner

CULPA

CULPA


expio

carências impróprias

o outro é senhor soberano

caminhando nos cacos

de espelho

nas sombras da solitude

segue vida nos trilhos

linha sem retorno

o mar acolhe, renova

devolve oferendas perdidas;

mar, fonte de vida

lavando pecados inatos

poderosa companheira,

solidão

veste o manto e abriga.


Ana Wagner

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA


Ana Wagner

labaredas no olhar
num delírio de nadas
verde constelação

na madrugada
luar de leite

folhas de prata

agora dia
e o sol ferindo a visada
como um lírio aberto

logo mais, crepúsculo
fechando o cálice murcho
de um jardim deserto

depois a noite
o sonho iluminado
por uma profunda
e solitária estrela.

VÉU

VÉU

Caem palavras
propícias nuvens
fluem gotículas
delícia
banho de chuva
sentir a sensação
de estarmos
a banhar-nos
assim cobertos
de lágrimas
véu da esperança
na estrada inalcançável
no sorriso uma flor
na flor um beijo
silêncio
ouvir a música do vento...

Ana Wagner

REPRISE

REPRISE

Alguém vai dançar
aquela música
vibrar naquele encontro
amar sob o céu da praça
numa noite qualquer

o sonho esvoaça
a vida dá o ar da graça
escancarando verdades
depredando esperanças
num dia qualquer

o sol fere os olhos
milhares de olhares
despindo quimeras
numa noite qualquer

despenca o calendário
abrem-se as janelas
do jardim proibido
e os amantes,
quaisquer,

aprendem a lição
do imaginário.

Ana Wagner

VARANDAS

VARANDAS




Mistério do vazio
sonhadas travessias
brancas redes, varandas
brisa leve, maresia
alma densa de encanto;
mar, vento, alento...

Tanto tempo, tanto quis
espelhar anjo, ser feliz
querubim, asas quebradas
pelas graças e desgraças,
na estrada sem retorno
plano lento, desalento...

Ana Wagner

VIRTUAL OU REAL?

VIRTUAL OU REAL?

sou real
mas teatral
não tenho rosto definido
sou ser transcendental
sinto, sonho, amo e grito
e meu virtual me representa
fisicamente me ausenta
dos olhares inclementes
situações inexistentes

sou igual, pura emoção
sou paixão e poesia
aqui bate um coração
a tristeza e alegria
e todos os elementos
do bendito dia-a-dia
real ou virtual?

Ana Wagner

VIOLETAS DOURADAS

VIOLETAS DOURADAS

Plantar violetas
nos olhos do sol
assim, mais bonita
despertar borboletas;
perfumar o lençol,
guardar velhos sonhos;
tirar plumas dos olhos
fechar gavetas
abrir a verdade
no vestido guardado
rasgar quimeras;
outro mar inundou
derradeiras lágrimas.


Ana Wagner

DOMINGO

DOMINGO


Badalo de sinos
deserto
cortinas fechadas
encontro marcado
abortado
cidade vazia
boêmia e vadia
o tempo girando
súbito milagre:
alvorada
saudando outro dia
silêncio eloquente
o apanhador de palavras
silente

Ana Wagner

SONHOS MORTOS

SONHOS MORTOS

Beijo
a vidraça do quarto
divido a lua
debruço-me à sombra.

Coração
outrora poeta,
chora
unhas cravadas no escuro.

A janela abandonada
calam os grilos
na noite morrem
sonhos
na calçada!

Ana Wagner

Novos Talentos



Porto Alegre maravilhosa terra gaúcha, berço de inúmeros poetas. Dentre tantos, Ana Wagner, nossa homenageada.
Talento que vem crescendo dia-a-dia.
Parabéns Rio Grande do Sul!


Sou Ana Wagner, a Aninha, gaúcha de Porto Alegre.

Escrevo para compartilhar sentimentos e emoções, amores e dores.


Não sou uma poeta de formação nem sigo normas e métricas

.Escrevo desde sempre, mas sou uma eterna aprendiz.

. Hoje a poesia é parte de mim, na alegria ou na tristeza.

Poema do Mar Bravio


Poema do Mar Bravio

Ando chorando pelas areias da praia,
no mar, ao longe há veleiros que se arrastam
contra o vento, embarcações pequenas a deriva
enfrentando mar bravio, vento forte, chuva que
chega sem avisar provocando grande furacão.
Meu coração oprimido, olhos que não deixam a
imensidão das águas. Minhas mãos em prece
recebem toda esperança que me oprime, cada
sonho embalo no vai vem das ondas. Cada
destino dentro dos barcos, cada vida a mercê
de um vendaval gigante, sigo o roteiro da natureza
bravia, zangada, carregando sonho que se torna
inútil, leva vidas e destinos.
Quando lentamente vai se acalmando deixa um
bálsamo de frescura espumante dentro do coração
machucado, chagado, sem asas e sem horizonte.
Tudo vejo perdido ao longe dentro do breu da noite,
do alto deste penhasco posso perceber os destroços,
entender a grande loucura que se abateu. Todos se
perderam em alto mar, desta pedra posso tombar
e abraçar a morte!

Marta Peres

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Vida sem sol!


Vida sem sol!

A solidão me acompanha
Por onde ando me segue
A vida é uma artimanha
Ao destino estou entregue

Mas você pode mudar
Minha forma de viver
Devolva minha alegria
Eu quero sobreviver

Tenho pedras como cama
Espinhos no meu lençol
Coração que só se engana
Não tem verão, Não tem sol

Coração está fechando
Parecendo um caracol
Esta sempre se enganando
Não tem verão, Não tem sol

Jane Rossi e Marta Peres

Apenas lembranças!


Apenas lembranças!

Os campos se estendem de uma verdura
Que descansa a visão, o gado a pastar
Das ervas deixa saudades, doce candura
No meu coração,pássaros voando no ar

Sobre os campos onde em criança vivi
Vão subindo, subindo, até na imensidão sumir.
Muda de emoção fecho meus olhos, cresci
Em meio ao gado, pelas colinas ficava a subir

E apanhava flores do campo, caminhava outras estradas
Mergulhada nos pensamentos felizes, cheios de esperança
Mas já passou, hoje vivo na cidade, me sentindo enjaulada
Relembrando minha infância, como era bom ser criança

Hoje as marcas do tempo, em meu rosto está presente
Os cabelos embranqueceram e a pele se desgastou
Daquela menina apenas, resta um coração indiferente
Que viveu sonhando com o passado, e o futuro anulou

Jane Rossi e Marta Peres

“Momentos de dor”


“Momentos de dor”

Naquela tarde quando te vi, senti agonia,
Senti dor dentro de min’alma, desmoronei
E perdi toda calma, aparente que sentia,
Uivos de dor, urrei!

Sonho atirado ao chão, morto, foi tormenta
E arrancado de minhas entranhas, era fel
Toda esperança que nasceu, calma, lenta
Suave, com o gosto doce do favo de mel.

Gemi de dor, parei inerte sem saber onde ir,
Não conseguia me levantar vendo todo sangue
Correr do meu coração martirizado, combalir
Levantei cambaleando, andei até cair no mangue

A Lama cobria meu corpo cansado, da batalha
E foi ali que gritei, como um animal agonizante
Não deixei que a lama fosse a minha mortalha
E a lama do mangue me serviu de revigorante

Uivos de dor, urrei! Lama na pele, senti!
Fera ferida,agonizei! Anjos chegando, renasci!

Jane Rossi e Marta Peres

Implosão!


Implosão!

Meu coração ainda é doce,ameno
Mesmo vivendo tantas amarguras
Por entre ásperas e torpes nódoas
Ainda sobrevive, sofre, chora, atura

Meu coração passou por tantos desprimores!
Não ouviu o tocar de sinos nem viu a beleza
Do sol da manhã, tudo era negro, breu, terrores
E apodrecido, com odor gerado pelas impurezas

Meu coração queria morrer, a vida sem graça
Pedia piedade, não conhecia glórias nem belezas
Nem encantamento, nem esperança, só desgraça
Meu coração era frio feito geleira, total incerteza

Mas dentro dele ainda existe um fio de esperança
Pois não existe sofrimento que dure eternamente
E este fio invadiu meu ser, e com ele a autoconfiança
O coração aqueceu e na alma um calor permanente

E os raios de sol iluminaram e aqueceram o coração
Vou viver, sonhar, sentir todo o encanto do sol, da lua
É amor chegando, trazendo em sua bagagem, implosão
Detonando o terror,amarguras e unindo minha vida à sua

Jane Rossi e Marta Peres

Aqui jaz depressão!





Aqui jaz depressão!

Doença maldita, atacou-me! Engoliu meus melhores anos, bandida
Trancado em um quarto, me escondo de ti, rato de boeiro, engano
Queres me acompanhar para sempre, solicitou minha alma em vida
Mas hoje é teu fim, maldita depressão, tu és um terror profano

Hoje é teu último dia, não andarás comigo, decreto tua morte
Já decretei teu fim,a vida agora é minha, esta é minha vingança
Agora estou sozinho e livre vou andar, ganhei meu passaporte
O medo já se foi, o frio já se acabou, não me deixaste herança


Meu mundo clareou, o céu se acendeu, me encheu de energia
Estrelas vi brilhar, com elas irei falar, compartilhar segredo
E a lua que já não via, voltou pra me saudar, imensa euforia
É grande a emoção, agora estou na rua e já não sinto medo

Se morro hoje ou amanhã, pra mim já não importa
Pois este dia chega pra todos nós humanos, não vou
me preocupar, eu quero viver hoje e isso me conforta
Fazer e ser feliz, amar e ser amado!
Foi pra isso que nasci!

Jane Rossi e Marta Peres

“Lampejo”


“Lampejo”

Palco onde sou a atriz principal,contracenando com angústia
Levam-me a loucura do dia-a-dia, sem ter vontades, vegeto
Rasgo minha vida em pedaços, fantasias, sonhos, utopia
Projetos irrealizáveis, quimera, simples desejos incompletos

Sem direito a dizer palavra, sem direito de pensar
Com a vida em pedaços,tenho um choro embutido
Neste palco estou muda, sem direito de falar
Linda apresentação, meu papel foi aplaudido

Dos olhos da personagem, vertem lágrimas de dor
Dor! por não poder usar a linguagem na sua atuação
Representando por gestos calados, mudos em seu teor
Mas é sábia em demonstrar a sua imensa indignação

Este palco é a vida, é a glória do artista
É onde bailam os sonhos, se concretiza o desejo
Mesmo com palavra muda, serei a protagonista
Protagonista calada a espera de um lampejo!

Jane Rossi e Marta Peres

Sem permissão!


Sem permissão!

O tempo vai passando e algum dia
Serei apenas lembranças, recordação,
Algum retrato meu estará no álbum de família,
Guardado com o carinho, dos filhos do coração.

As páginas viram, o pó toma conta do que restou,
traças começam a corroer e o papel fica marcado
E tudo o que existiu, passa a ser descartado
Jogado no esquecimento, embrulhado no passado

Mas eu estarei no ar, provocando a inspiração
Amando quem eu deixei, quem ficou a me esperar
Aqueles que abandonei e nem pedi permissão
Simplesmente me afastei, eles ficaram a chorar


Sem adeus eu embarquei, Sem tempo pra despedida
Tento conter as lágrimas, e o passado não lembrar
E numa ida sem volta, sou apenas o pó da vida
Pairando sobre o mar, sou eu a evaporar!


Jane Rossi e Marta Peres

Notícia



Notícia

Ouço dizer que há fome no mundo!
Falta o pão na mesa
Falta o dinheiro no bolso
Falta o amor aos irmãos!

Ouço dizer que há fome no mundo!
A barriga ronca
É estomago que dói
Pedindo alimentação!

Ouço dizer que há fome no mundo!
Criança quer aprender
Com fome, não vai poder
Precisa de Educação!


Ouço dizer que há fome no mundo!
Alma cansada de sofrer
Diversidade, sem inclusão
Necessita, solução!

Ouço dizer que há fome no mundo!
Fome de esperança
Fome de sonho e alegria
Fome de sabedoria!

Jane Rossi e Marta Peres

Porto seguro!


Porto seguro!

Dentro dos teus olhos procuro navegação segura,
Indagações, não consigo entender o que dizem ou
Se dizem algo, são incertos e teu olhar é desviado
Receia,Teme que eu encontre a resposta!

Entro dentro desta barca e procuro porto seguro,
Os olhos verdes seguem-me, mar se agita, ondas
Gigantes se levantam, me sinto fatigada, em apuros
Já não existe o brilho da ternura em teu olhar!

O silêncio se faz, toma conta de mim, choro baixinho
Palavras não são pronunciadas, um desamparo mudo
Vou naufragando assim, submergindo devagarinho
Os olhos verdes seguem-me, austero e sisudo!

Me afogo na beleza, do lindo azul do mar
E sonho com a certeza que as ondas vão abrandar
Voltando a superfície, procuro, regresso ao teu olhar
Os olhos verdes seguem-me, feitiço à encantar!

Jane Rossi e Marta Peres

Errar é humano!


Errar é humano!

Quem nunca errou neste mundo?
De maneira negligente
As vezes em um segundo
Dá um branco deprimente

Nosso caminho é um aprendizado
E só aprendemos errando
Este é um velho ditado
E os erros, vamos superando

Se temos medo de errar
Fica difícil aprender
Não é preciso chorar
Se um erro cometer

Mas ensinar, é um dom
É a arte do saber fazer
Sem deslumbre, sem visom
Humilde permanecer!

Jane Rossi e Marta Peres

Quero colo!


Quero colo!

Guerra e mais guerra, não sei lutar
Vendaval, tempestade, vou me abrigar
Correndo, gemendo, não posso gritar
Choro embutido, triste penar

Fogo ardendo, muito terror
Água e fogo, luta e luta
Sou dicipulo sofredor
Me esconderei na gruta

Ondas subindo, não sei nadar
Fogo queimando, não sei apagar
Estou morrendo, só sei chorar
Coração ardendo, não sei acalmar

Joelhos no chão, não sei levantar
Em minha oração, só sei implorar
Misericórdia, vem comprovar
Que estou nos seus braços e posso confiar!

Jane Rossi e Marta Peres



Aprecio bastante o trabalho em dueto.
Jane e eu nos identificamos muito por isto
criamos muito. O trabalho sempre fica belo!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Ingratidão


Ingratidão

Tudo já fiz para escapulir desta dor,
Até mesmo seu retrato tirei, guardei
joguei fora, não sei...
Dói, dói fundo na alma
a ingratidão do amor!

Marta Peres

Meu Sonho


Meu Sonho

Já perdi a conta,
Nem sei mais por quanto tempo
Vivi a sonhar, sonhamos juntos
Entre carinhos que hoje,
São folhas mortas.

Nosso romance teve seu fim,
Jamais esquecerei,
Não sei se você vai esquecer
Tudo o que vivemos
Até mesmo do nosso sofrer.

Não chegamos a nos amar,
Nem quando nos encontrávamos
na calada da noite
e
abraçados fazíamos juras eternas.

Hoje, nesta vida obscura, triste,
Enfadonha,longe do meu amor
Vivo
Vida
Apenas vivo, sem sonho.

Marta Peres

Se


Se

Se cada dia cai, a noite entra
sinto n'alma dor profunda
só, a todo instante.

Espero, sei que não vens,
tenho certeza da solidão
esta que faz doer,
meu coração.

Marta Peres.

Quando tudo parecer perdido


Quando tudo parecer perdido

Quando nada mais importar
quando pensar ter as portas fechadas
quando nada fizer sentido
ter o corpo cansado, abatido pela doença,
procure ver o sol,
fortalecer na Fé, Esperança,
o passado não é perdido.

Se hoje é o escuro, amanhã
haverá sol
e o sol quente, aquece o coração
enche a vida de Esperança
faz com que a noite passe ser dia.

Então pára, pense em toda sua vida
veja, a causa não é ainda perdida
tenha calma, paciência,
não chore amarguras
a vida inicia-se outra vez.

Marta Peres

Chuva


Chuva

Choveu...
A terra precisa de chuva.
O café precisa do adubo.
A rosa precisa do espinho.
Ninguém pode existir neste mundo
vivendo sozinho.

Choveu...
Molhou todo o meu quintal.
A terra virou lama.
Eu fiquei sozinha na cama.

Choveu...
Os pássaros cantam no jardim.
De onde estou posso ouvir o cantar
ainda tenho lágrimas no olhar.

Choveu...
E ela trouxe uma jóia rara.
É o tesouro guardado
no coração de quem sabe amar.

Marta Peres

Meu Laranjal


Meu Laranjal

A vida que vivo eu a escolhi
É somente a vida que por mim mesma decidi
Quero viver bem,sem empecilhos à minha evolução
Não jogarei ao vento o que aprendi com devoção.

Fiz planos, sim mas veio o vento e tudo levou,
carregou consigo minhas ilusões e sonhos,
como um castelo na areia tudo desmoronou
e num momento toda minha história se perdeu.

Tudo esvai-se no ar feito poeira
procuro as causas no passado
que sentem os efeitos no que vivencio agora
será plenamente condensado no meu presente.

Estarei bem por certo,
aprendi que dentro do caroço de uma laranja
dorme um belo laranjal, inteiro para mim!

Marta Peres

Escolha Torta


Escolha Torta

Nada tenho além de você
Queria ter a certeza
mas vivo na incerteza
de ter você!

Estou sofrendo pela renúncia
acho as vezes que é loucura
mas preciso de alguém que valorize
o que sou, não o que posso ter...

Que me veja como ser humano
como pessoa completa, que abusa
dos bons sentimentos
repleta de desejos.

Não brinque com meus sentimentos
são puros,com eles cresço,
não queira que eu mude
mas que seja sempre a mesma!

Se não pode oferecer o que preciso
solto as amarras, deixo-o partir
seguir o caminho torto que
por si, escolheu!

Marta Peres

Lembrar de Lembrar


Lembrar de Lembrar

Nada mais importa
não quero me lembrar
sofrer, pra quê?

Quero esquecer
de me lembrar
não mais importa
nem faz sentido
pensar em você!

Quero a cura para este mal.
Sei que é o esquecimento
o não pensar
o não lembrar,
você!

Já esqueci
nem me lembro mais
preciso esquecer,
preciso lembrar disso
sei que não me lembro de nada
mas, preciso!

Marta Peres

Ilusão


Ilusão

Tudo o que eu não queria
E jamais havia pensado
ter para minha vida
e hoje, sofro,

Me iludi,
A vida me iludiu
Minha alegria deveria
Ser branda, doce, delicada
Como gota de orvalho
Em pétala de flor,
Serena, lâmpada velada
Que me diluísse
A tristeza da alma.

Não foi assim,
Não consegui
Viver o que queria
Como pensava
Agora é começar de novo...

Marta Peres

Teus Olhos


Teus Olhos

Vejo nos teus olhos uma calma sincera
Um meio sorriso
Uma alegria contida
Tamanha meiguice que cheira ternura.

Teus olhos transmitem amor
Paz que chega de mansinho,
Acalma e embriaga.
Dá prazer...

Teus olhos,
No tom verde é misterioso
Mostram um universo de ilusões
Sinto neles muitas certezas.

Suaves, bonitos,
Emocionam min’alma,
Sinto brotar a felicidades
Na forma de um perfume embriagador.

Marta Peres

Fênix


Fênix

Não se martirize,
Não joga pela janela tudo o que foi
E poderá ainda ser.
Olha pra mim,
Qual fênix chorosa, machucada,
Que consome-se e renasce, fiel
Eu lhe espero.

Marta Peres

Versos, Nada Mais


Versos, Nada Mais

A primeira vez que eu lhe vi,
Pode ter certeza
Quase morri,
você ali tão perto
e ao mesmo tempo tão longe...

A segunda vez que lhe vi,
foi quando morri
E
você não estava por perto.

Nem vela foi preciso,
Os vaga-lumes teimavam em acender
Um ou outro verso,
E fora de mim, tudo seguia a fria rotina.

A terceira vez que lhe vi,
Desejei que chegasse de repente,
Espantasse os encantos, quebrasse copos
E me amasse em lençóis de areia.

Nada disso aconteceu,
você não me tomou como vinho
nem me espalhou como cartas na mesa,
nem como seu pão, se fartou.

Foi apenas sonho,
Nem como sua música embriagante
Dançando nua e você pegando meus pedaços,
Sem culpa, no arco íris da rua eu lhe vi.

Marta Peres

Balé


Balé

Vem num passo que baila
diante de meus olhos
Vem de antes da aurora
A luz que em sua pupila me desenha.
Vem e ama-me assim,
Refletida no olhar como me vês.

Ó ventura estar em seus braços
Sentir suas mãos percorrendo meu corpo
Numa viajem de êxtase,
Quero morrer no seu beijo.

Marta Peres

Dor de Amor


Dor de Amor

Quero que volte,
Não sei a causa de tua partida.

Tenho medo de morrer de amor.
Hoje não se morre de amor.
O que mata não é o amor.

Não estará ele apaixonado por outra
e não pensou na dor?

Não, não quero assim...
Quero viver amando
seja de que maneira for.

Não quero morrer de amor,
prefiro continuar sofrendo
por uma dor de amor.

Marta Peres

Lágrima Azul


Lágrima Azul

A Flor azul é exuberante.
Hoje chorei.
Pensei que não a veria
não viria até mim.
Uma lágrima caiu em
sua Flor, escorreu, desceu,
e
pingou toda ela em
coloração azul,
apenas uma Gota.

Marta Peres

Paixão Bandida


Paixão Bandida

Como poder explicar,
Este sentimento me devora
Me torna mais feliz
Se é erro, foi de paixão!

Não me faça pagar,
Essa paixão bandida
Que adormece e acorda
E me deixa na solidão!

Não vou mais dormir,
Quero esperar você
Sei que virá nos pensamentos
De minha pura ilusão...

Marta Peres

Se Quiser, Devolvo


Se Quiser, Devolvo

Sabia, peguei sua alma
Foi sem querer
Mas devolvo
Devolvo sua calma
Seus espaços
Desculpe, preenchi sem querer...

Sabia, peguei seus sonhos
Sonhos, que jamais se realizaram
Eles os guardei
Mas se quiser, eu devolvo
Devolvo, na foram de ilusão.

Marta Peres

Coração é mar bravio


Coração é mar bravio

Perdida nesta ilha selvagem percorri longo
caminho, caminhei pela areia quente, sol ardendo,
meu corpo dolorido pelas queimaduras, pés inchados
e feridos, coração sangrando, desamor, descaso...

Banhei-me em águas azuis do mar em calmaria,
tentei dormir em colchão macio feito pelas folhas das
árvores que encontrei, dormi a noite inteira junto a
ondas bravias, vento que uivava, lançava areias...

Fogo e braseiro, meu sono agitado queimava o coração
não conseguia água fresca que acalmasse, desse alento
ia ao fundo do mar e voltava, lutava contra as ondas
tentando sobreviver, o vento movia tudo tirando do lugar.

Dei-te meu amor, minha alegria, tentei navegar ao teu lado,
tu, colérica, lança-me taça ao rosto, separa-me da tua vida
deixando-me à deriva neste mar escuro e frio, dou-te as mãos
e tu espezinha, esperei por ti meses a fio, e enches minha boca
com a erva amarga?

De repente espero que saia desta tua sandice, que olhe as rosas
desabrocharem, que venha navegar águas calmas e entenda o dom
da vida deixando doce o coração e molhado pelo orvalho da aurora!

Marta Peres

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

ALFAMA DE L I S B O A



Alfama (Lisboa) - Quadro de Luiza Caetano.


ALFAMA DE L I S B O A

Hoje, me perdi em Alfama
com o poeta Fernando Pessoa.

Andei de viela em viela
bebendo cheiro de mangericos
em ébrias taças-lembranças.

Escrevi um fado pintado
e o pregão duma varina
numa das sete colinas.

Enquanto a chuva molhava
memórias e marinheiros
num eléctrico amarelo
que ía prá Rua das Trinas.

Hoje passeei com Pessoa
no bairro da cidade branca

Casario de Lisboa
de pranto-saudade pintado

no trinado duma guitarra
o desenho da calçada
Lisboa saudade fado

(Poeta Luiza Caetano)

Site da autora: http://www.luizacaetano.com

"AO SOM DO BLUE"


"AO SOM DO BLUE"

Por entre os dedos
da areia,
vagueia
um sangue - saudade

despudoradamente...


lavando a mágoa da chuva
por entre os riscos do vento
molhando, algures teus olhos

Uma sinfonia soprando
velhos lamentos da terra

Abandonadamente...

Imagens quebradas ,
melódicas
insuflam a alma do tempo

Movimentos em preto e branco
num velho écran da mente.

substituindo presente.

****************LuizaCaetano

“UM CANTO A LISBOA"



“UM CANTO A LISBOA"

Lisboa
se vestiu de Rio, languidamente
sensual! tortuosa! brilhante!

Bate o Sol na Mouraria
faz sombra no Bairro Alto,
porque a festa é no Rossio!

Lisboa se vestiu de Rio
na franja do frio
dos embandeirados
barcos no Tejo.


há fumos! há cheiros na brisa
perfumes de namorados

Lisboa,
Coberta de luzes
qual manto de lantejoulas
na Rua do Capelão
Marinheiros soltam amarras
e as varinas o pregão
juntamente... os seus amores

Tomando café na Ribeira
entre um buquê de flores,

Lisboa chora!
Lisboa canta !
Lisboa Ri!

se esfuma no canto do Rio
comendo castanhas assadas
em cada final do dia,

Lisboa de mãos-dadas
apaixonadamente!

(LUIZA CAETANO)

"FLOR DO TEMPO"


"FLOR DO TEMPO"

Faço malabarismos
entre o riso e as lágrimas
tentando me equilibrar
na corda bamba dos dias.

Pairo por vezes no passado
tentando inventar o futuro

Cristalizo instantes de magia
na vazia concha das mãos

Momentos de ouro?
Momentos vãos?

Os sonhos se partem
em irrecuperáveis pedaços
em mistérios insondáveis
pelos corredores da alma

Breves! Tão breves
como a flor do tempo.

LuizaCaetano

"PÁSSAROS DE LISBOA"


"PÁSSAROS DE LISBOA"

Livre
como os pássaros
do céu de Lisboa

Como eles
escolher meu espaço

asas libertas
onde a emoção
duma nuvem
não empecilha o destino

Em cada alvorada
a festa amargurada
duma partida

ou a alegria
emocionada
duma chegada

A festa, apenas a festa!

e o chilrear da passarada

lc

"PALAVRAS MORDIDAS"


"PALAVRAS MORDIDAS"

Palavras
incompreendidas
mordidas uma a uma
ombro a ombro hesitantes
na constelação da bruma

a incerteza é uma adaga
de vários gumes

ferindo o rasto
dos peixes luminosos

os marinheiros
alçam as velas

e as velhas vestidas de negro
te aguardam
nas janelas brancas
cortinadas de vento

Porém a sombra duma ave
se recorta incerta
no horizonte



Luiza Caetano

"V E M"


"V E M"

Vem,
dá-me a tua mão
ensina-me o riso
e a razão de existir

Ser
não é apenas viver
e a minha vibração
corre nas janelas
das tuas veias em festa!

Vem,
na sedução dos odores
da terra prometida

Não te imploro momentos
que a alma não partilhe
Apenas as tuas mãos
dedos de vento e saudades

Vem,
como fado destinado
asa do meu corpo alado
riscar o vazio
que
desesperadamente
te desenha

luizacaetano

"SOMBRAS SILÊNCIOSAS"


"SOMBRAS SILÊNCIOSAS"

Sentas-te na Primavera
desse terraço de sonho
e
para ti
correm todos os meus rios,

Debruças-te
sobre
um parapeito
de
rosmaninhos sonâmbulos
que o rumor da água
desperta,

no espelho do teu rosto
apenas
a sombra e o silêncio
ferindo saudades,

Enquanto
a inclemência
do tempo
tece fios vermelhos
nas velas dos navios
que não voltam

LuizaCaetano

SÃO PRECISAS PALAVRAS


SÃO PRECISAS PALAVRAS

São precisas palavras
que soem como gritos vermelhos de revolta,
que cortem como lâminas
o tempo das urgências programadas
ou o anseio das vidas sem àmanhã.

São precisas palavras
como balas de canhão
que firam de espanto
o silêncio dos sonhos inacabados.

São precisas palavras
na cama da solidão
para fazer amor com elas
com a raiva da paixão.

São precisas palavras
atiradas como pedras
para o outro lado de mim
formando um muro
absurdamente intransponível?


Palavras? Palavras?

não consigo viver com elas!
não suporto viver sem elas!

LuizaCaetano

DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO III


*
DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO III

Dia a dia navegando
neste charco apunhalado
de rios que correm
para lado nenhum

O céu é um espelho
de lâminas quebradas
por mil águas
no meu corpo extenuado
e
quase líquido

Intempéries e eclipses
escondendo Luas, Sóis
e Girassóis.

Também o furor crispado
esperando o regresso do Sol.

LuizaCaetano

DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO


DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO
*
Apanhei uma balsa para atravessar o oceano.
Estava um temporal medonho.

Encontrei o velho Adamastor
tentando roubar de Camões
os lusíadas e a Pátria abençoada

Escutei sereias no seu doce canto.
Perdi o Norte, o Sul e a Rosa dos Ventos

Perante tantas aflições,
Desfraldei no mastro mais alto
minha cuequinha de assalto
Ligando o rádio em SOS

HELP! HELP! HELP! HELP!

O mundo estava surdo aos meus apêlos
deitei-me na balsa meia desmaiada
veio uma gaivota, deu-me uma bicada

A sêde era maior que as saudades da vida
A vida era nada reduzida a nada

Lembrei da esperança a última a morrer

Qual esperança? Qual carapuça?

Morres aí feita desventura
na cama da balsa,
no meio do mar

molhada na alma
triste e abandonada.

HELP!

luizacaetano

"VAZIO REDONDO"


"VAZIO REDONDO"

Há um vazio redondo
que fere o silêncio e os gritos
como escarpas estilhaçadas ...

Há um abismo redondo
na poeira dos meus passos
um precipício de mêdo
tecido na rotina dos dias...

Há um esgar de ausência
em cada noite encostado
como se esperasse
um pássaro por amanhecer...

Um cansaço de acuçenas
amarelecidas pelo tempo
sangrando as esperas na arena,

as Primaveras, subitamente feridas,
se extinguem num vazio redondo
como um grito contra o muro.

luizacaetano

"ESTE MOMENTO"


"ESTE MOMENTO"

O caminho?
eu faço!

as flôres?
eu colho!

O sonho?
eu alimento!

A vida?
eu curto!

Mas, o Amor?

Meu Deus !!
além do Teu divino
Amor imenso,

Apenas
as penas
do caminho
que nem sempre
venço ...

luizacaetano/jan2007

"PÉTALAS"


"PÉTALAS"
São as pétalas no caminho ,

São os sinais e o Carinho!

É o inventar
dum novo dia

É a seiva renovada

É a força da alegria
É a ilha da magia!

É o Ser! é o Estar!

Alvorecer de novo dia

É o dar! é o Receber!

São as pedras no caminho...

São os espinhos no carinho...

É o altar das nossas preces!
É o culto da minha Cruz!

São as pétalas do Caminho!

luizacaetano

"S A U D A D E S"


"S A U D A D E S"
Guardo
nas minhas mãos
o súbito calor das tuas,

A magia
desse olhar
perdido no meu!

O cálice
da tua boca
bebendo na minha,

o cristal
das tuas palavras
no Céu do meu sonhar,

Guardo,
ciosamente
Meu Amor,
cada momento
feito de tudos
e de nadas
de risos e de espanto

Bebo
a espuma da saudade
e o pranto

Todos os dias
de te lembrar...

Todos os dias!

luizacaetano

"FEITICEIRA"


"FEITICEIRA"

Era uma pista de sêda
vestida de carmezim!

Era um cheiro de Rosa,
camuflado de alecrim,

Era um caminho cruzado
cruzado em marfim.

Era príncipio, era fim!

Era nascer e morrer
nas esquinas de cada início!

Era virgem! Era vício...

Deusa, Bruxa ou Arlequim

Dizem que vinha ,
vinha de outras encarnações.
que era bruxa! feiticeira!
em véspera de maldições

Princesa, Raínha,
amante do Rei ou Musa!

Que foi um amor proíbido,
d`amaldiçoada vaidade

Que sua voz de soprano
eram gritos subtis
orgulhosamente doendo
nas ruas de toda a cidade.

Dizem...

luizacaetano

PERDOA, MEU AMOR


PERDOA, MEU AMOR
Desculpa
Meu Amor
a invasão
no campo do teu sentimento!
Desculpa...

Desculpa esta paixão
este tormento
Meu Amor,

esta proíbida guerra
de te querer...

Não inventei a bandeira
Nem passei a fronteira
sem saber

d`Essa Ilha secreta
tão perto
e
tão distante...
Meu Amor
Amante!

As cordas
dessa ponte
todos os dias
me levam a Ti!
Todos os dias
Te levam de mim!

São amarras!
São nós
que nos unem
nos deixando... sós!

Perdoa
Meu Amor
o Rio
caudaloso
que no meu peito
fizeste nascer!

Perdoa
Meu Amor
esta felicidade
que todos os dias
me faz sofrer...

Perdoas?

LuizaCaetano