DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO
DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO
*
Apanhei uma balsa para atravessar o oceano.
Estava um temporal medonho.
Encontrei o velho Adamastor
tentando roubar de Camões
os lusíadas e a Pátria abençoada
Escutei sereias no seu doce canto.
Perdi o Norte, o Sul e a Rosa dos Ventos
Perante tantas aflições,
Desfraldei no mastro mais alto
minha cuequinha de assalto
Ligando o rádio em SOS
HELP! HELP! HELP! HELP!
O mundo estava surdo aos meus apêlos
deitei-me na balsa meia desmaiada
veio uma gaivota, deu-me uma bicada
A sêde era maior que as saudades da vida
A vida era nada reduzida a nada
Lembrei da esperança a última a morrer
Qual esperança? Qual carapuça?
Morres aí feita desventura
na cama da balsa,
no meio do mar
molhada na alma
triste e abandonada.
HELP!
luizacaetano
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