.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO


DIÁRIO DE UM NÁUFRAGO
*
Apanhei uma balsa para atravessar o oceano.
Estava um temporal medonho.

Encontrei o velho Adamastor
tentando roubar de Camões
os lusíadas e a Pátria abençoada

Escutei sereias no seu doce canto.
Perdi o Norte, o Sul e a Rosa dos Ventos

Perante tantas aflições,
Desfraldei no mastro mais alto
minha cuequinha de assalto
Ligando o rádio em SOS

HELP! HELP! HELP! HELP!

O mundo estava surdo aos meus apêlos
deitei-me na balsa meia desmaiada
veio uma gaivota, deu-me uma bicada

A sêde era maior que as saudades da vida
A vida era nada reduzida a nada

Lembrei da esperança a última a morrer

Qual esperança? Qual carapuça?

Morres aí feita desventura
na cama da balsa,
no meio do mar

molhada na alma
triste e abandonada.

HELP!

luizacaetano

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home