
Deliciosa poesia desta jovem poetisa, Serena!
Serena como as águas de um regato, como o canto do sabiá.
Ler Serena contagia o espírto.
Serena é mais uma contribuição à poesia brasileira!
Marta Peres

"Meias Verdades"
Hoje sinto que minhas verdades
São páginas de um livro que não li
Não são inteiras...são apenas metades
Dos Versos do poema que escrevi.
Serena

"AMOR INTERROMPIDO"
Do amor nada me restou...
Nada mais que tuas lembranças
Espectros bailam na memória
Do amor fiquei sem esperanças
Coração estava em festa
Tudo era prazer e desejos
Agora nada mais me resta
Acabaram-se as carícias e os beijos
Daí veio a senhora dos malditos
Arrancando você de mim
Deixando sentimentos aflitos
Crucificando um amor sem fim
Antes deixasse ele à meu lado
Pra quê acabar assim com minha paixão?
Tu és fria, patética e gelada
transformou em nada meu coração.
Se o amor não tivesse invadido meu peito
Não estaria agora neste imenso vazio
Noites longas e frias em meu leito
Sem você meu mundo é sombrio.
Agora nada me resta fazer
Sofrimento e dor para sempre terei
Nada mais me dá prazer
Nada mais sou e nunca serei.
Serena.

"MENINOS AO LÉU"
Quando vejo esses filhos de ninguém,
dormindo largados pela rua
Vejo que são filhos renegados
Adotados pela realidade nua e crua
Catadores dos nossos medos
Deixados soltos ao léu
Vagando pelas ruas
São vítimas de um destino cruel
O futuro pra eles é o agora
Pois tudo que sabem é vivido no presente
Presente de grego, num cavalo de tróia
Hoje estão aqui, o amanhã é inexistente.
Filhos de uma Pátria
que não soube ser mãe gentil
Pobres meninos perdidos
Vivendo como cães presos no canil
Do amor nada sabem
Só conhecem o degredo
pobres meninos de rua
Seus sonhos viraram pesadelo.
Serena.

"VESTIDA DE SILÊNCIO"
Suavemente percorro as linhas
Daquele poema que me deste
Viajo em teu céu e me faço lua
E me perco em versos que me despe!
Estrelas cadentes iluminam
Nossa estrada inacabada
E entre nuvens que fascinam
Sigo tu'alma iluminada.
Nesta trilha de palavras
Onde tudo se lê nas entrelinhas
Meu coração impaciente
Aguarda a tua chegada.
Vou me vestir de silêncio
E me despir das palavras
Minh'alma traduzirá os versos
Que no peito o coração calava.
Serena.

"SEPARAÇÃO"
As amarras se romperam
O que era inteiro se partiu
Antes almas companheiras
Agora um mundo que caiu.
Da tua presença apenas restou
Guardado em um canto qualquer
Uma foto antiga e sem cor
E um bilhete escrito por outra mulher
Na caixinha de costura
Encontrei aquele botão
Que no afã de nossa briga
Ficou perdido em minha mão.
Palavras, olhares...tuas mãos
Ficaram tatuados na memória
Vidas vividas...tudo em vão
Intranhados na minha história.
Serena

"SONETO DO AMOR PERDIDO"
Em que parte da casa
Nosso amor se perdeu?
Ficou no canto do quarto
Ou no jardim que era teu?
Em que parte da vida
A intimidade acabou?
Está na gaveta escondida
Ou cansada partiu e nos deixou?
Se perdeu pelo tempo...
Ou quis ficar para trás?
Estará de frio tremendo
Ou apenas atracada pelo cais?
Em que parte da música
Parou de cantar?
Será que dela se cansou?
Ou simplesmente parou de escutar?
As chamas daquele amor febril
Hoje já não ardem mais
As labaredas deste amor senil
Se apagaram e ficaram para trás.
Dúvidas povoam meus pensamentos
As incertezas zombam de mim
Do amor que era um jardim suspenso
Restou só lembranças perfumadas de jasmim.
Serena.

"CÁRCERE"
Hoje sou mulher cativa,
Versos de um poema inacabado
Sou como patativa,
Mas me sinto pássaro engaiolado.
Me liberto das amarras...
Pássaro solto à voar
Sinto o vento em minhas asas
Livre...feliz à cantar!
Mas liberdade é coisa momentânea,
Vôo breve e fragmentado
Pássaro cativo volto à ser
Triste, mudo...engaiolado!
Serena.

"ANDARILHA"
Sou a triste borboleta
passageira da agonia
bato as asas contra o vento
bailando em noite fria.
Meu destino nem eu sei
Minh'alma é de ninguém
Vagando mundo a fora
Da tristeza sou refém
Feito folha no outono
Deixo o vento me levar
Triste e louca bailarina
Nua bailando ao luar
Pobre andarilha sem carinho
Perdida na inquietude do querer
Pés calejados...alma sozinha
Peregrina do amor querendo ser.
Serena

4. "PAZ"
Sou prisioneira deste mundo
Perdida entre sons e fumaça
Meu sonho coitado, não tem cor
Se perdeu entre o caos e a desgraça
Vejo homem matando homem
Amores não existem mais
As ilusões se confundem e somem
Realidade se faz dura demais
Quero fugir...evaporar...sumir
Por favor não aguento desamor
O mundo que sempre pedi
É feito de alegria e cor
Dizem que poeta vive em outro mundo
E eu lhes pergunto - O que tem de mais?
Melhor viver no mundo da lua
Lá com certeza encontro a paz!
Serena

"ANDORINHAS"
Se um dia te lembrares de mim
Não te demores...vem me ver,
Traz nas mãos o perfume de jasmim
Que plantaste e esqueceste de colher.
Esqueceste também do meu amor
E de todas as nossas alegrias
Hoje sou verão sem calor
vagando pelas ruas vazias.
Mas se ainda assim...
Te lembrares do amor que me tinhas
Vem depressa...vem pra mim
Sou verão à espera de andorinhas!
Serena

"MARCAS DA VERGONHA"
Hoje amanheci calada...
Alma sofrida, calejada
Vergonha do espelho...
Humilhada.
As marcas que ficam
não somem jamais
São marcas medonhas
Deixadas por um animal.
Me sinto fraca, sem saída,
Quero fugir, mas tenho medo
Sumir pelo mundo afora
Sem rumo...em segredo.
Se fico talvez eu morra,
Se vou levo comigo a esperança,
Se fico talvez eu mate
Aquele que todo dia me espanca!
Serena.

"MOMENTOS"
Coração de rocha,
Sofrido, mudo e calado
Perdido se vê e chora
Um choro sentido e abafado.
Desejosa por um momento apenas
Um momento e nada mais
Por dias e noites serenas
E uma vida inteira de paz.
O destino trama meus dias
E dele tenho pavor
Mas ainda assim insisto
E sequiosa sigo...falando de amor.
Serena.
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