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sábado, 20 de setembro de 2008

Incompreensão


Adeus às Quimeras



Adeus àqueles amores
Tão grandes
Do tamanho do infinito

Adeus àquelas mulheres
Tão perfeitas
Que pareciam flores

Adeus à beleza
De princesa
E majestade
De rainha

Adeus à nobreza incólume
De caráter
Revestido de pureza

Adeus a toda mania de grandeza
No amor que sinto
Dando a ele
Ares de realeza

Adeus a todos adjetivos
Superlativos absolutos

Adeus àquele dito:
Sem ela
A morte prefiro!

Adeus ao ideal romântico
Posto em pedestal

Adeus ao amorzinho
Em poema tão engrandecido
Que parece gente grande
Sem ser mesquinho

Adeus toda essa perfeição
Mãe de tanta desilusão...

Adeus às asas
Da minha imaginação...


Adeus aos meus vôos
De Ícaro...

Adeus ao meu despencar
Despedaçando-me no chão...

Quero um amor
Comum
Desses que se encontra nas esquinas
Do dia a dia
Não aquele que se levanta do túmulo
De Julieta...

Quero uma mulher
Companheira
Normal
Dessas que de fato
Existem
Não aquelas criadas
Pelo lirismo
Dos poetas

Quero o que há
Nesse mundo
Imperfeito
De seres imperfeitos

O bem e o mal
O belo e o feio
O delicado e o rude
O grande e o pequeno

O que é visto
Amiúde

Apenas um amor
Comum
Uma companheira
Normal
Com seus defeitos
- Desde que não sejam muitos -
E sem ter beleza igual
A de Afrodite
- Desde que não assuste
o Diabo e o adoente –

Apenas um amor
Sem aquela história
De eternidade
E dimensão de grandeza
Ufana

Apenas um amor que dure
Enquanto houver que durar
E um dia acabe

No entanto a vida é pequena
Havendo a possibilidade
De o levar
À decrepitude
E fim
Que eu o leve

Mas sem ilusões
E floreios
Onde não há flores
Somente espinhos
Nem tantas dores
Rancores
E mil cores

Apenas um amor comum
Que não faça mal demais a mim
Nem eu a ele

De certo
Um amor feito de lágrima e riso
Acerto e engano
Ferimento e cura
Loucura e siso

Apenas um amor normal
Que se dê para vivê-lo
E no final
Posto na balança
O resultado
Seja favorável

Desejo apenas
O que existe
E é alcançável

Só isso
E mais nada...



Rob Azevedo

Incompreensão_




Das coisas que digo
Os lastros
Que estas têm
São somente
Diante a mim

Porque apenas eu
Me conheço
E sei quem sou

Outros não me entendem
Bem comumente

Um dito
Compreendido invertido
É um dedo abaixo do umbigo
De quem não o quer

Ficam de cabelo em pé
Se irritam
E reclamam

O incompreendido
É visto
Como um ser maldito

Alguém no passado
Se disse o Rei dos Reis
Incomodou aos imperadores
Que o crucificaram

Incompreensão
Mal inerente a quem diz
Coisas que ninguém ousa...

Se o diz é porque sabe
Que o mundo é daqueles que ousam
Mudá-lo através do que dizem...

E os dizeres habituais
Que descansem em paz
No jazigo dos temerosos
Tíbios na convicção
Por suas palavras
Então
Sempre iguais



Rob Azevedo

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