Incompreensão
Adeus às Quimeras
Adeus àqueles amores
Tão grandes
Do tamanho do infinito
Adeus àquelas mulheres
Tão perfeitas
Que pareciam flores
Adeus à beleza
De princesa
E majestade
De rainha
Adeus à nobreza incólume
De caráter
Revestido de pureza
Adeus a toda mania de grandeza
No amor que sinto
Dando a ele
Ares de realeza
Adeus a todos adjetivos
Superlativos absolutos
Adeus àquele dito:
Sem ela
A morte prefiro!
Adeus ao ideal romântico
Posto em pedestal
Adeus ao amorzinho
Em poema tão engrandecido
Que parece gente grande
Sem ser mesquinho
Adeus toda essa perfeição
Mãe de tanta desilusão...
Adeus às asas
Da minha imaginação...
Adeus aos meus vôos
De Ícaro...
Adeus ao meu despencar
Despedaçando-me no chão...
Quero um amor
Comum
Desses que se encontra nas esquinas
Do dia a dia
Não aquele que se levanta do túmulo
De Julieta...
Quero uma mulher
Companheira
Normal
Dessas que de fato
Existem
Não aquelas criadas
Pelo lirismo
Dos poetas
Quero o que há
Nesse mundo
Imperfeito
De seres imperfeitos
O bem e o mal
O belo e o feio
O delicado e o rude
O grande e o pequeno
O que é visto
Amiúde
Apenas um amor
Comum
Uma companheira
Normal
Com seus defeitos
- Desde que não sejam muitos -
E sem ter beleza igual
A de Afrodite
- Desde que não assuste
o Diabo e o adoente –
Apenas um amor
Sem aquela história
De eternidade
E dimensão de grandeza
Ufana
Apenas um amor que dure
Enquanto houver que durar
E um dia acabe
No entanto a vida é pequena
Havendo a possibilidade
De o levar
À decrepitude
E fim
Que eu o leve
Mas sem ilusões
E floreios
Onde não há flores
Somente espinhos
Nem tantas dores
Rancores
E mil cores
Apenas um amor comum
Que não faça mal demais a mim
Nem eu a ele
De certo
Um amor feito de lágrima e riso
Acerto e engano
Ferimento e cura
Loucura e siso
Apenas um amor normal
Que se dê para vivê-lo
E no final
Posto na balança
O resultado
Seja favorável
Desejo apenas
O que existe
E é alcançável
Só isso
E mais nada...
Rob Azevedo
Incompreensão_
Das coisas que digo
Os lastros
Que estas têm
São somente
Diante a mim
Porque apenas eu
Me conheço
E sei quem sou
Outros não me entendem
Bem comumente
Um dito
Compreendido invertido
É um dedo abaixo do umbigo
De quem não o quer
Ficam de cabelo em pé
Se irritam
E reclamam
O incompreendido
É visto
Como um ser maldito
Alguém no passado
Se disse o Rei dos Reis
Incomodou aos imperadores
Que o crucificaram
Incompreensão
Mal inerente a quem diz
Coisas que ninguém ousa...
Se o diz é porque sabe
Que o mundo é daqueles que ousam
Mudá-lo através do que dizem...
E os dizeres habituais
Que descansem em paz
No jazigo dos temerosos
Tíbios na convicção
Por suas palavras
Então
Sempre iguais
Rob Azevedo
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