Série Novos Talentos!
Rai e Gustavo, meus queridos poetas exalam poesia por onde passa, que perfumam com a delizadeza e carinho. Leu poemas seus é um prazer e encanta o coração, faz bem à alma.
Raivane de Oliveira Sales-Biografia
Nascida em Salvador, Bahia, em 1965.Formada em Letras Vernáculas.Professora da Rede Pública do Estado da Bahia.Sempre gostou de escrever por pura paixão,desde adolescente.Participou da ‘Antologia Delicatta II’, no ano 2007. Possui três blogs
de poesias(Arredores de mim;Corpos em Calda; MarÍntimos).Também passou a produzir vídeos poéticos, neste mesmo ano( utilizando o programa ‘Windows Movie Maker ‘).Participa ativamente do site cultural ‘Overmundo’, postando poesias semanalmente.Desenvolve um projeto em sala de aula,envolvendo teatro e poesia.
Assina seus poemas usando o pseudônimo ‘Raiblue’
BLUES & POESIA
Hoje o meu blues
Rasga o presente
Invade o passado
Tudo que em mim
Sobrevive
Velhos poetas
Poesias eternas!
No Rimbaud
Intensidade da carne
Exposta à lama!
Místico selvagem
Que me acompanha...
De Baudelaire
A serpente que dança
Conduz a mente
No bordel dos sentidos
Mais ardidos!
Quando chovo
Sou Clariceana
De corpo inteiro
Mergulho sem volta
Eus traiçoeiros...
Maiakovskianas
Revoluções silenciosas
Buscando Pessoa
Dividida entre tantas
Outras que me habitam...
Sou só...
Eu e os poetas
Que me agitam
Submersa nas águas
Interiores moinhos
São eles Bandeira
Meu grito de desordem
De mão dadas vamos
Drummondiandando
Entre as pedras do caminho...
E o blues
Cortando os pulsos
Da noite....
Sangrando os versos
Que não estancam...
Verborragia.!!
Sílabas arranham as cordas
Desafinam as estrelas
Adormeço no silêncio
Vermelho
Sozinha...
(Raiblue)
LIBERDADE, AINDA QUE POESIA!
Coágulos de pensamentos
Explodem na noite sanguínea
Derrame de desejos
Inferno no peito
E uma dantesca solidão...
Da janela, aguardo um cometa
Qualquer coisa
Que não me submeta
Que me salve de mim...
Hoje não quero me enfrentar
Quero somente transbordar...esvair...
Consentir todos os delitos
Ser o poeta maldito
Cuspindo as dores
Nos bueiros da carne!
Hoje quero me prostituir
Sem cobrar nada
Hoje me dou de graça
Sem medo do gatilho
Da manhã seguinte...
Hoje eu atiro na vida
E renasço livre
Do tédio dos dias
Dos remédios e horários
Dos medos diários...
Quero uma overdose de delírio
Tocar o nirvana dos meus sentidos
Num trance ... drum’bass
Ou qualquer ritmo...
Só por hoje
Aborto a culpa
Corro o risco da inquisição
Atiro-me na fogueira
E mordo as estrelas
Lambo cada ponta
Meto a língua no meio
E a palavra cadente
Desafia o caos!
Goza o céu...
Gozo eu...
E o universo inteiro!
Partículas de versos
Orvalham a madrugada
Puro néctar...
O último gole de vodka
A última gota de poesia...
Enquanto o dia nascia...
(Raiblue)
ETERNA TRAGÉDIA ROMÂNTICA
Morreria por ti
Shakespeareana mente
Impossível amor
Num século efervescente
Pós- tudo
Póstumos sonhos
Póstumas memórias
Póstumas histórias
Pós-amores
Sem poesia
Sem nostalgia...
Sem ti
Seria assim
Um vivo morto
Um vulto perdido
Um uivo solitário
Num vale sombrio
Um aceno
Sempre despedida
Flores que perfumam o túmulo
Tumulto e silêncio
Da dor cortando os pulsos
Doando-te meu sangue
Para finalmente
Estar dentro de ti
Por séculos e séculos
Eternos...
Rômantica mente
Contra o inferno
Pós-moderno!
(Raiblue)
SALIV (ANDO)
Nas noites brancas
De sua pele
Me dis traio
Guardo Dostoiéwisk
Num canto do quarto...
Nos olhos
O ópio prolongando
Colóquios do tato
Con textos e texturas
Da língua
Corroendo tédios
Catando cacos
Cactos na superfície
Da carne árida ...
Arranhando as horas
Sangrando os minutos
Dissolvendo dores
Anti-corrosiva língua...
Sal e saliva
Lambendo as feridas
Fechando cortes
Subcutâneos labirintos
Na sanha da linguagem
Esquecida no tempo
O toque...
Palavras diluídas no suor
Poesia líquida
Numa noite dis traída...
Na pausa da razão
No dança dos sentidos...
(Raiblue)
DE LÍRIOS E DÉJÀ VU...
Há uns resíduos
De noites rubras
Na memória da pele
Um gosto de pipoca
Um perfume...de lírios...
Vozes roucas
Janes conduzindo
Nosso destino
Num blues
Que grita
Dores e orgasmos
Doces e bárbaros
Momentos...
Corpos deslizando
No tapete azul da sala
Carne ao óleo...cítrica...
Um crime delicado
Sem castigo
Romance inacabado
Roteiro improvisado
À medida
Que o ato acontecia
Amor tecíamos
Nas veredas do tempo
Grandes sertões
Se dissolviam
Nas rosas
Do Guimarães
Nos rios da pele
No riso do gozo
No álcool do meu corpo...
(Raiblue)
LA RUE DU DÉSIR...
Noite
NavalhaNavalha
Partindo
Algemas
Liberando
In pulsos
A dor
A fome
Pedaços de sonhos
Perfuram
A escuridão
Des cobertas
Nuvens
Passagens...
Ao som de Piaf
Perfume francês
Em um Café barato
Cigarrilhas
Fumaça
Nos olhos
Fogueira...
Dançam
Sussurros
Na veia
Principia
O cio
Precipício
Viagem...
In sanidade
Dos corpos
Em um copo
A mais de vodka
Vesúvios
Explodem
Lavas
Lavam
A epiderme
Erupção
Da realidade...
Transbordando o Sena
No meu quarto
Fim da cena...
Acordo...
Entre
Acordes
Franceses
Tocando
A carne...
(Raiblue)
ENIGMA IMORTAL
Um signo
Uma sigla
Sem significado
Exato
Imensurável...
Enigma
Esgrima
Entre o espírito
E a carne
Combate
Na escuridão
Da alma
Insight
Revelação
Tudo é silêncio
Eis seu templo ...
Indecifrável
Para sempre
Mistério...
Entre o céu
E a terra
O seu império...
Mais que filosofia
Poesia...
Deus universal
Ou demônio
Quando não
Sabemos
Traduzi-lo...
Veneno
E antídoto
Algemas
E vôo
Ponte
E abismo...
Crime sem
Castigo...
Revolução
Azul...
Enigma imortal
Que nos salva
E nos mata...
Amor...
(Raiblue)
VELHA SAGA
Asfalto
Transações
Movimento
Partida
Chegada
Estradas
Estações
Cidade de ilusões
Lixo urbano
No luxo cotidiano
Da burguesia
Cristais de dor
Nas casas
Sem calmaria...
Alta tensão
Fios do destino
Rompidos
Por um tiro
Por um grito
Gemidos de medo
De aflição
E o dia nasce
E continua
A viagem
O mesmo trem
Na contramão
A mesma estação
Velha saga
Karma
Mandalas do tempo
Em cada rosto
Uma multidão
De estranhos...
Nas entranhas
Solidão....
(Raiblue)
NO ARCO DA ÍRIS
Reparto minha face
Escondo a dor
Disfarces
Farsas ...
Sátiras
Da vida moderna ...
No asfalto
O palco das grandes cidades
Fantasmas ....
Picadeiro de sonhos
E malabarismos...
Aforismos...
Abismos
De eus
Repartidos
Espelhos
Embaçados
Sombras
Do passado
No arco da íris...
Prenunciando
Tempestades
No presente....
Trilhos urbanos
Vestígios humanos
Na trilha desse mundo
Insano ...
No meio do caminho
A flor e o espinho...
Sento diante de um rio
Que se enche com o meu vazio
Transborda minha dor anterior
No agora....
E a pupila se dilata
Túnel
Do tempo
Que não passa...
(Raiblue)
SELVAGENS DE TERNO
Lá vai o homem ...
Drummondiandando
Catando as pedras do caminho
Sem sapatos
Pés descalços
Zapata no coração
Lá vai o homem ...
Na contramão
Do sistema
Clamando revolução
Terra para pisar
Plantar os sonhos
Brotar nação
Despertar Zumbi
Nos palmares
E no sertão!
Lá se foi o homem...
Passos atrofiados
Pelo sangue derramado
Sobre o chão rachado
Pela disputa do espaço
Direito de todo cidadão
Erosão da vida, esvaindo-se
Manchando o céu da bandeira
Apagando as estrelas
Proclamando a ordem
Dos burocratas
Na desordem brasileira
Onipotentes mentes
Cordilheiras de imbecis
Leis de fogo
Nas mãos, fuzis
Tragicomédia humana
Homens se devorando
Primatas modernos
Selvagens de ternos
Brindando com o sangue
Da população
O império da corrupção!
(Raiblue)
Gustavo Adonias – Biografia
Nascido na cidade de Salvador, Bahia, em 1975. Tem formação em História, e é poeta (escreve desde 1996). Em 2000 participa da antologia “Grandes Escritores da Bahia”, publicada pela Litteris Editora, alcançando o 3◦ lugar. Em 2002, tem poesias publicadas no “João Mendes Jornal”, da faculdade de Direito Mackenzie, em São Paulo. No ano de 2007, participa da “Antologia Delicatta II”. Possui um blog de poesias (Vertigens Poéticas). A partir de 2007 produz versões em vídeo para suas poesias. Participa como colaborador do site cultural Overmundo.
BRUTO SUSSURRO, SUAVE GRITO
"Evoco o mais profundo silêncio
Em nome da palavra jamais pronunciada
Sílaba cortante
Língua morta
Ainda nem nascida
Pálida página perdida
Nunca escrita
A mais preciosa e amaldiçoada
Chaga alada presa na garganta
Palavra-abismo
Muda sentença
Minha condenação
A eterna busca
Do que não pode ser dito
Bruto sussurro
Suave grito..."
(Gustavo Adonias)
ESTAR EXILADO
"Estar exilado
É estar fora
Com a parte de dentro conectada a lembranças, uma origem
É chorar
Com lágrimas exportadas
Num lugar onde ninguém se importa
É travar uma guerra surda
Com o pedaço que ficou
Com a flor que permaneceu na terra que nos gerou
Estar exilado
É estar e não estar
É ir, sem que a alma nunca deixe de voltar..."
(Gustavo Adonias)
ALMA TRAPEZISTA
"Ando no fio da navalha
Equilibrando-me na corda bamba
Sobre os estilhaços da vida
Que sangra lá embaixo
Tudo fere
Tudo é anjo e fera
Ando pela louca esfera
Em longos instantes vazios
Ante-sala dos momentos agudos
Que perfuram o meu mundo
Cego atirador de facas
Minha mira é uma seta
Entre o fim e o começo
Fogo que arde
E me consome
E some ao fim da lenta combustão
Comunicação com o fundo
De minha alma trapezista
Que se joga
Sem rede de proteção..."
(Gustavo Adonias)
ALMA GUERRILHEIRA
" Versos anti-aéreos
Guerra de letras
Bomba atômica na caneta
Palavras kamikazes
Disparando frases de efeito
Contra o peito aberto
Alvo fácil
Poesia-míssil
Arma contra o silêncio
Alma guerrilheira
Flores, poemas, trincheiras..."
(Gustavo Adonias)
(E)LEVE-ME
" Leve minhas armas pra longe
Onde eu não possa mais encontrá-las
Leve essas mágoas
Além da curva do rio
Leve-me pra onde for
Dentro de ti
Pelos seus caminhos sem fim
Pelo grande sertão do seu corpo
Açudes e vontades
Leve como a plena pluma azul
Dos seus cabelos
Leve-me
Atraído pelo seu novelo
Ao fim da linha
Ao sim da senha
(E) leve-me..."
(Gustavo Adonias)
TANTAS PORTAS
"Noite fria
Um vinho
Um verso
Doce vício
Todo um universo
Dentro do coração
Caminhos sem fim
Tantas portas
Passagens
Viagens
Chuvas internas
Azuis lanternas
Longínquos faróis
No mar que há em mim..."
(Gustavo Adonias)
INVISÍVEL TRAJETO
"Somos um sonho de água e vento
Maleáveis por dentro
Contra o duro concreto das cidades
Erigimos castelos de areia
Com nossa última certeza
Pequena centelha que nos ilumina
Pescamos estrelas no poço de dentro
Mar alto contra o cinza do asfalto
Tateamos na escuridão do labirinto
Nosso mundo de espelhos
Que refletem o invisível trajeto
Ao fim do qual chegaremos sem máscaras
Ao centro de nós mesmos
Ilha de profundos desejos
Muito além da selva de pedra
Bem longe da guerra moderna
Do homem contra si mesmo."
(Gustavo Adonias)
NIETZSCHE(ANDO)
"A estrela
Que trago em mim
Brilha
Quase ofusca
A minha busca
O meu abismo
Me assusta
Mas tenho asas
E um ser que dança
Dentro de mim."
(Gustavo Adonias)
DRUMMOND(ANDO)
"Tinha um Carlos
No meio do caminho
Um gauche, um anjo torto
Que se fosse pedra
Seria um duro minério de ferro de Itabira
Seria rima
Não seria solução
E nessa vã filosofia
Outra estrela
Arderia
No Drummondiano
Coração
E a ciranda continuaria
João amava Teresa que amava Raimundo...."
(Gustavo Adonias)
GIRA-VIDA
"Espiral azul
Você dando voltas no cabelo com o dedo
O mundo girando em um balé cósmico
Tudo gira
A vida desfila
Porta-bandeira em apoteose
Borboletas em redemoinhos
Folhas caindo em ritmo
Rodando
Você rodopiando à minha passagem
Paisagem em movimento
Moinho de vento
Tudo gira
Gira vida."
(Gustavo Adonias)
Flor Poeta, sua alma poeta mergulha no mais fundo do seu eu poético, profunda inspiração nos versos. Portadora de uma incansável sede em fazer poesia mostra nos versos a perfeição de sua alma poeta.
FLOR POETA
Flor Poeta é o heterônimo de uma poetisa de Maringá, no Paraná. Possui o blog:
http://florpoema.blogspot.com/, onde posta seus poemas.
Também publica seus textos no site:
http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=23130
Como ela se define em poema:
Tenho em minha pele o aroma da flor do campo
Exalo a poesia pelos poros
Sou feita de ternura e graça
Componho versos de amor
para extravasar meus sentimentos
Deliro ao fazer um poema
Como se estivesse a gozar...
Poemas de Flor Poeta:
1. Imersão
Quando mergulhas em meu ser
fazendo ondas mansas
com tuas palavras de carinho
molhadas em sentimentos nobres,
causando-me este desassossego,
percorrendo as memórias de todos
os nossos dias e noites juntos...
Minha vida! Entras em meu refúgio,
revelando nosso segredo.
Indelével amor que me domina,
quando te sinto em saudades
que nunca passam...
imersa em eterna esperança
em tons de arco-íris de chegada,
espero-te com a janela aberta
e com a alma desperta,
ansiosa para que me prendas em teus braços...
2. SENTIR
Sinto a suavidade dos teus lábios,
nessa misteriosa magia
de encostar tua voz na minha,
nesse momento tão terno
de te sentir inteiro,
em um só toque, eterno...
O calor do sopro
que segreda
todo o sentimento
na palavra "amo-te..."
sussurrada, mansamente,
ao pé do ouvido,
na voz rouca
que furta meu sorriso,
acendendo assim
as estrelas no meu céu.
O som que guardo comigo
quando anoiteço em ti
e tu amanheces em mim,
pleno de desejos,
cobrindo-me de beijos.
A vida é feita
desses pequenos nadas,
que acontecem a todo instante,
e o tempo vai perfumando
os caminhos que vamos traçando.
E o sonho vai se realizando
em meu coração de menina
que só tu sabes preencher...
3. Verso único
Desejo escrever num único verso
todo a imensidão do meu amor.
E nele também estará contida
a sutileza de meus dias de espera,
a dor que passei na busca incessante
por esse que tanto desejo,
que tanto anseio por seu beijo.
Um verso do tamanho de um planeta,
arrebatado de silêncios,
cheio de aromas densos.
Aquele que amo, então
em torno desse verso orbitará,
irremediavelmente livre,
satélite, asteróide, cometa,
deixando em minhas curvas
o calor de suas mãos,
abrindo crateras em meu ser,
habitando em meu viver,
penetrando em minhas entranhas
com a fúria de um furacão.
Um dia, um verso apenas bastará...
4. Percalços
No fino traço
me esbaldo
e me embaraço.
Versos falsos,
sem laços,
como pés descalços
a marcar o chão
com os percalços
de uma vida vã.
Sem abraços,
sem afagos,
levando a poesia
nos braços,
causando espanto
por onde passo.
Quisera conquistar
os espaços
de versos sóbrios,
em poemas mórbidos,
mas cheios de inspiração.
Porém, me resta o cansaço
expresso nos versos que faço
de dores, amores ou solidão.
Versos sentidos na alma,
às vezes nem reconhecidos
pelo ser que os fazem brotar
do solo do meu coração...
5. Incertezas
Se o amo? Não sei...
Só sei que eu o sinto,
como se aqui estivesse
e me furtasse a alma,
e me fizesse perder a calma,
e me esculpisse a pele,
e me fizesse Vênus,
nascida da força
desse provável amor.
Sinto-o em mim,
nessas manhãs tardias
em que o sol se demora,
como para manter a penumbra
onde nosso amor se aconchegará,
lento, ocioso e quente.
Sinto-o sempre,
e esse constante sentir
o transforma em presença,
tão forte que percebo seus braços
a me enlaçar, dando-me abrigo,
e sinto seu desejo intenso
de ficar sempre comigo.
Nem mais sei se o sinto,
se está mesmo presente
ou se deixei de ser eu mesma,
para beber em sua boca
o alimento da minha vida inteira.
Se o amo? Talvez...
Mas a certeza que tenho
é que miro o céu e o alcanço,
sonhando com suas carícias,
com seu toque suave, a me deixar louca,
e com a doçura voraz de sua boca...
6. Momento eterno
Desejo desperto
pronto a desabrochar
numa extasiante alegoria
que me enche de alegria
encontro de bocas
e línguas ansiosas
peles que se roçam
num doce acariciar
sede de prazer
que em tua boca
vou matar
tesão que aflora
de meu íntimo
sem demora
saciar-me de ti
é tudo que quero
alimentar-me assim
de teu gozo, eu espero
e num desejo sem fim
nos amarmos para sempre...
7. HOJE
Eu, que tanto esperei,
que queria tudo ontem,
hoje não me resta nada
a não ser o pó da estrada
por onde partiu aquele que amei.
Hoje retiro as adagas do peito
que sangra sem contenção,
fazendo-me perder a razão.
Eu, que um dia, cheia de desejo
esperei o abraço, a boca, o beijo,
hoje me despedaço, e me atiro
no fogo ardente da desilusão
tentando arrancar essa paixão
que em mim habitou tanto tempo.
Abandono-me ao desalento,
há um monstro a me torturar por dentro,
abrindo a ferida do amor perdido,
corroendo as fibras do coração ferido.
Deixo emudecer as luzes,
desmanchando as fantasias
que juntos bordamos em telas de sonhos.
Deixo-me ficar aqui,
estirada em mim mesma
em busca de algo que me redima
dessa dor, de todo esse clima
de história de amor com final infeliz.
8. Versos perdidos
Versos escorrem
de meus olhos sem brilho
é o fim da esperança
de meus dias de delírio.
Deixam meu ser de forma breve
tocam a face, de leve
precipitam-se ao chão
e se desfazem na imensidão.
Não posso mais juntá-los
no papel das emoções
estão fadados e se perder
no rio das desilusões...
9. AMPLEXO
Na superfície da pele
brota um arrepio, de leve
ao mais breve toque, a despertar
Surge o desejo incontido
ouve-se o som de um gemido
braços se enlaçam, destemidos
Os olhos se encontram, se miram
os corpos colados se destinam
um ao outro, na ânsia de amar
Tudo se inicia com um amplexo
e culmina com o ato do sexo
sensível maneira de se entregar
No clímax, no misto do suor
movimentos, ritmo acelerado
mas sem perder a emoção
Um não sei quê de delírio
nos olhos percebe-se o brilho
de quem cultiva a paixão
E depois os sorrisos serenos
a ofegante alegria do amor pleno
o abraço de novo, as almas a sonhar...
10. Vestida para amar
Estou vestida apenas
para amar...
duas gotas de perfume,
um par de brincos
e um colar...
A alma já está desnuda
de toda censura e pudor,
ansiosa, espero seu toque,
à meia luz, em nosso ninho de amor...
Complete minha nudez,
sorva meu cheiro de fêmea,
faça-me uma amante plena,
componha comigo esta cena...
Explore meu corpo ao extremo
até o romper da aurora,
o tempo e o espaço são nossos,
não há amanhã, só o agora...
11. FOGO
A tarde é feita de fogo
e eu te pressinto, meu amor,
no calor que domina o meu corpo,
na ânsia de estar junto, absorto,
aplacando desejos, sonhando acordada
e me incendiando com tuas carícias e beijos.
É fogo o encontro dos nossos corpos,
trepidar de intrépidas labaredas,
brasas que queimam o peito,
o ventre, as bocas acesas.
Lava incandescente de vulcão,
chama que aquece o coração,
é assim meu desejo por você,
"a ferro e fogo" faço o amor acontecer...
12. Desejo de Poeta
Quero um poema pensante
afetado por desejos sóbrios,
alucinado, sensível, delirante.
Quero versos sublimes, aconchegantes,
exclusivos, efusivos, ofegantes...
Espero a expressão mais sincera,
o brilho de uma rara quimera,
o sol a nascer, depois da fria madrugada,
a luz que clareia a estrada,
trazendo em si a paz almejada.
Suplico o bem que não fiz,
quero, um dia, poder ser feliz,
mesmo que seja em rimas,
em linhas suaves e femininas,
deixar transbordar a esperança,
sorrir ao vislumbrar a bonança,
viver na e para a poesia,
acolhendo versos de amor e alegria,
revivendo universos de paz e harmonia...
5 Comentários:
Olá Marta,
Muito boa a sua iniciativa no intuito de divulgar novos poetas. Infelizmente, em nosso país, valoriza-se tão pouco a cultura, e menos ainda a poesia. Parabéns por sua iniciativa e obrigado por divulgar as poesias minhas e de Rai.
Abraços.
Por Gustavo Adonias, às 28 de março de 2008 às 15:59
Ficou lindo, Marta!
Sou muito grata a você, por divulgar meu trabalho e de outros escritores. É maravilhoso saber que há pessoas assim, como você, que valorizam as artes e a cultura em geral. Obrigada e que Deus a ilumine sempre! Beijos da amiga Flor Poeta
Por Flor Poeta, às 29 de março de 2008 às 15:09
Martinha,minha linda amiga!
Que gesto nobre!!
Muito grata pelo carinho e confiança!!
Parabéns,seu blog está cada dia mais lindo!!!
Os poemas com a temática 'água'estão maravilhosos,infelizmente não pude enviar nenhum naquele período,por causa do meu trabalho por aqui, está me absorvendo muito...,mas sempre que puder estarei participando desses eventos grandiosos que vc nos proporciona!!
um grande beijo azul nessa alma iluminada!!
Vc é pura luz ,Martinha!!
Rai...blue
Por Raiblue, às 30 de março de 2008 às 10:32
Martinha só um coração cheio de luz e bondade caberia tão bela iniciativa! Parabéns
Por berioliveira, às 7 de abril de 2008 às 09:06
De fato, uma excelente iniciativa de incentivo à leitura de talentos não tão conhecidos... Tenho a honra de conhecer alguns trabalhos da nobre Raivane e, de fato, ela possui um talento enorme em manusear a alma das palavras... É uma poetisa incrível!
Por Jefte, às 15 de abril de 2009 às 17:34
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