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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Poemas de Rob Azevedo!


















Um Ser Melhor 

Que as pessoas vejam em mim
Bem mais minhas qualidades
Do que meus defeitos
Porque defeitos eu tenho muitos
E qualidades poucas.

Entretanto
Quando verem meus defeitos
Com olhares mais aguçados
Acaso sejam passíveis de serem corrigidos
Que eu saiba acatar com humildade as críticas
E corrigi-los
Pois me tornarei um ser melhor
Para mim e para todos.

Acaso não possa corrigi-los
Que me aceitem como sou
Ou se apartem de mim
Porque não me amam.

Rob Azevedo










Forró nas Estrelas



O contorno das colinas ao longe
Sob o manto das névoas
Estradas sinuosas
A se perderem detrás do montes
Vilarejos pacatos ao léu
Um coreto, uma igrejinha
Uma ruazinha central
Meia dúzia de mercearias

Um cavalo passa
Outro além
Puxando carroça

Chapéu de palha
Fumo de rolo
Camisa quadriculada
Cachaça da venda
Do Seu José

Na noite de sábado
Diz o cartaz
À beira duma estrada:

Cabeça de Égua
No Forró Estrela

Sanfona
Triângulo
Bumbo
Chocalho
Cavaquinho
Saia vermelha e amarela
De babado rendado
Girando no salão

No burburinho de gente
Que se esbarra, se acotovela
Aos passos da dança
Roubo um beijo na noite
Quando os gatos são pardos
E namoram no telhado

Juras de Amor, promessas
Paixão que se alvoroça, incendeia
Requebrando nos quadris da morena
Girando a saia de renda

Beijo roubado
Vira doado
Devora lábios
Línguas e pernas se entrelaçam
E roçam

Rastro vermelho de batom
Por todo rosto e pescoço
Do cavaleiro que conduz a dama
Com mãos envoltas na cintura

Mãos na cintura
Mente que imagina
A moldura em que se pega
No vai e vêm do Amor

Mãos intrometidas
Deslizam por quadris que requebram
Beliscam, apertam
Vulcões despertam

A cabeça gira
O olhar se finca
Nos seios da menina
Que saltam pelo decote
No sacolejar frenético da dança
Salivando a boca

Luzes violetas piscam
Vermelhas, laranjas
Verdes, azuis, amarelas
O homem se enfeitiça
A mulher atiça

De mãos enlaçadas
Cruzam a porta
Do Forró Estrela
E se vão embora
Ao lampejo dos pirilampos
E luz da Lua cheia
Colhendo cadentes estrelas
Trilhando estradas sinuosas
De terra batida
Subindo a colina
Sob os olhos da Camélia Prateada
Confidente testemunha
Dos corações enamorados

A cada dez passos um beijo
A cada dez beijos uma jura
De Amor e Desejo
Com cem beijos uma cura
De um mal qualquer
Com mil beijos uma flor
Bem-Me-Quer
Em pétalas se abre
Na madeira da porta
Da casinha de sapé
No alto da colina
Que se abrindo floresce
Nas tranças da rede
Em que adormece
De prazer extenuado
Um homem embalado
Num colo duma morena
De cabelo cacheado



Rob Azevedo
 
 
 
 
 
 Mais Uma Vez...
Sobre O Amor
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O Amor é um ópio
Para o vazio da vida sem tê-lo
Passagem para o delírio evasivo
Fuga do sem-sentido

O Amor é um ácido
Alucinógeno e antídoto
Do existir tão cansativo
Sem vivê-lo

O Amor é um ébrio
Quando ser sóbrio
É martírio

O Amor é uma erva
Brotando da terra
Transmutando tudo
Noutra dimensão paralela

O Amor é sentir-se vivo
Não existir somente existindo
O Amor é ouvir o ruído
Do sangue fluindo

O Amor são todos sentidos
Sentindo
Experimentando
Bailando
Vivendo
Com tamanha intensidade
Que dá razão
A cada batida
Do coração
.
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Rob Azevedo
 
 
 
 
 
 

Poema Lírico-Amoroso
De Cristo
Para Maria Madalena



Eu, Pescador de Almas
O melhor peixe
Que pesquei em minhas redes
Foi:

Maria Madalena!

Enlevado ao êxtase meu espírito
Caminhei sobre as águas
Após
Nossa primeira noite de Amor
E calei
A fúria do Vento

Meu Pai me deu a beber
De certo
O cálice mais amargo
Que o mundo já conheceu

Mas a tudo compensou
No pacto que firmamos
Para que eu me entregasse na Cruz
Dando-me o Amor
De Maria Madalena

Depois daquelas
Noites com ela
Tudo está pago
Perdoado
Nenhum cravo
A atravessar meus pés
E mãos
Pregando-me no madeiro
Da Cruz
É dor
Diante a dor que seria
Não tê-la como mulher
Em minha vida

O que me importa se um dia
Maria Madalena foi messalina?

Ao conhecê-la
Do corpo e da alma dela
Expulsei
Os sete pecados capitais
Que a tornavam de todos
Por um punhado de dracmas
A partir de então
Foi minha
Somente minha
De nenhum outro jamais

Pacto com Deus firmado
Aceitei de bom grado
Beber do cálice amargo
Ser o Cordeiro Imolado
Porque o Pai
Generoso
Deu-me em troca
O Amor
De Maria Madalena
E mesmo antes
Que após na cruz expirasse
Fui em vida arrebatado
Aos Céus
Num glorioso orgasmo
Redentor e sagrado


Rob Azevedo







 Metamorfose 

Por você eu mudo
Minha forma de ser
Melhoro no que for possível
Me transmuto no que você quer

Não me interessa o que os outros pensam
E dizem
Ao meu respeito
Mas com você é diferente
E de fato me preocupo
Com seu julgamento

Pois bem sei – eu sinto:
É pessoa de bem
De valores que valem de verdade
Longe dos moralismos hipócritas
E livre de tantas ilusões
Mundanas

Assim merece minha mudança
É digna de confiança
Em suas intenções

Por você eu mudo
Dando boas-vindas à mudança
Deixando de lado
Tudo que possa parecer
Mácula do ego


Rob Azevedo




 
 E Daí?
.
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Não sei explicar isso!
Mas e daí?
Se tampouco careço
De explicações;
Dá-las
Ou recebê-las
Emprestá-las – que seja! -
Ou ainda tomá-las emprestadas.

De toda maneira
Não me interessam
Explicações
Nem qualquer asneira
Desnecessária.

Calem-se todos matemáticos
Masoquistas-burocráticos
Filósofos e alienistas
Com suas conversas
Controversas!

Pois me entrego
Ao Reino das Delícias
Dos Meus Versos!

Cale-se então a Lógica
A Razão
E toda Equação
De Segundo Grau.

Calem-se todos agrimensores
Das terras opulentas
Do Meu Reino!

Cale-se mesmo
O Ortográfico Corretor
Desse maldito programa
De computador!

Ah! Eu falo agora de Amor
E volúpia ardente!

E falar do que não pode ser explicado
Não é fácil!
É complicado!
É tarefa para algum Poeta
Desvairado
De amores, quiçá?
Por moinhos de vento?

É algo como a natureza da loucura
De Don Quixote
E seu audaz escudeiro
Sancho Pança.

É andança!
É crença!
É bonança!
É desavença...

Mas que sempre vença
A mágica dança
Do Amor
Como na Lenda
Do Reino
Do Seu Arthur.

Ah! Eu pularei gangorras!
Escaparei de masmorras!
Atravessarei o fosso do castelo
Sem ser engolido
Por nenhum crocodilo
Cruzando por fim o átrio
Do palácio
Não sendo estrangulado
Por algum infame soldado
E incólume penetrarei
- como quem rouba! -
Tua alcova
Ó, Majestade!

Ai de mim, ai!
Desnudo defronte
Ao oásis desnudo
Do harém
De mil mulheres
Em uma só!

Ai do urso sedento
Diante a mais generosa das colmeias
Jorrando mel pelos favos...

Ah! Tamanha falta de dó
Num dia de tanto Sol!

Ohhhhhh...

Exclamaremos:

Ohhhhhh...

Calem-se todas
Explicações
Ao ecoar do gozo uníssono
Viajando resplandecente
Pelo infinito!

Ohhhhhh...
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Rob Azevedo
 
 
 
 
 
 
 
 

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1 Comentários:


  • Falar de Rob Azevedo, é falar de um poeta visceral, de sua propriedade de iluminação,da versatilidade de sua obra. Rob Azevedo sangra a aventura humana e quotidiana.Gosto disso!

    Karla Julia

    Por Blogger Karla Julia, às 2 de outubro de 2012 às 15:30  

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