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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quando chovia


Quando chovia


Assim que as nuvens da alma
formavam seu nimbo precipitado em lágrimas,
parecia que a tarde caía
sem alarde, no céu dos dias

Não sei bem quantas chuvas fizeram morada
no passado, nem nas tristezas
que se acumularam em cúmulos não raros
cinzentos, prestes a desabar

O cinza azulado das promessas voláteis
e o bailado performático das gotas
num balé de passos rápidos e ágeis
tornavam a tristeza remota

e a alegria em fontes
trazia os dias mais frescos
trazia os dias
os dias

Enquanto a chuva lavava as faces,
vinda dos olhos do tempo,
meus olhos postavam as esperanças
advindas do desenlace dos tormentos

na linha do horizonte

Não lembro bem quais tristezas
tampouco lembro de mágoas
sequer da alegria intrínseca
ao espetáculo das águas

mas lembro bem que houve um tempo
em que tudo se resolvia num fim de tarde,
quando lágrimas caíam
sem alarde, no céu dos dias.


Mauro Veras

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