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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ana Paula Perissé*


Amor de Córrego
Ana Paula Perissé*

Tal como a foz de um rio
nos fazemos em invenções de criança.
Madeira que pega fogo e vira pó
de feitiçaria.

Quero-te,
amor de luar
em farrapos finos
exaltação de coaxares
nocturnos ao léu.

Sou pessoa percorrida
por sofrimentos
e por vida
sou fuga para teu abraço
e de lá saio
mendiga.

Rica de estrelas
e de princípios feitos de precipícios,
plena de ar e de caules
verdes úmidos
húmus incrustados de ventania.

Me largaram aqui,
nua e feliz.
E eu te canto.

Quero-te, meu amor
nada mais
que a pulsação
de nossa cor.
(em uníssono)

Pôr-de-nós
na beira de um rio.



Escrevinhar
Ana Paula Perissé*

Escrever é esfregar-se
na pele das palavras
arder até pegar fogo,
fricção até gozar.

Escrever se faz
na textura de um fluxo
compulsão imediata
de faíscas em profusão.

Escrever é respirar
soprar ares
nas dobras do mundo,
é não entregar-se
ao script
consentido
aos que não se tensionam
até dobrarem-se
servis
sem o saber.

Escrever é parir
um sentido
à deriva
para náufragos
que decidem
abrir dobraduras de papel
marítimas
vai-e-vem
ficcional
em fricção,
ciclo de ondas

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