Ana Paula Perissé*
Amor de Córrego
Ana Paula Perissé*
Tal como a foz de um rio
nos fazemos em invenções de criança.
Madeira que pega fogo e vira pó
de feitiçaria.
Quero-te,
amor de luar
em farrapos finos
exaltação de coaxares
nocturnos ao léu.
Sou pessoa percorrida
por sofrimentos
e por vida
sou fuga para teu abraço
e de lá saio
mendiga.
Rica de estrelas
e de princípios feitos de precipícios,
plena de ar e de caules
verdes úmidos
húmus incrustados de ventania.
Me largaram aqui,
nua e feliz.
E eu te canto.
Quero-te, meu amor
nada mais
que a pulsação
de nossa cor.
(em uníssono)
Pôr-de-nós
na beira de um rio.
Escrevinhar
Ana Paula Perissé*
Escrever é esfregar-se
na pele das palavras
arder até pegar fogo,
fricção até gozar.
Escrever se faz
na textura de um fluxo
compulsão imediata
de faíscas em profusão.
Escrever é respirar
soprar ares
nas dobras do mundo,
é não entregar-se
ao script
consentido
aos que não se tensionam
até dobrarem-se
servis
sem o saber.
Escrever é parir
um sentido
à deriva
para náufragos
que decidem
abrir dobraduras de papel
marítimas
vai-e-vem
ficcional
em fricção,
ciclo de ondas
4 Comentários:
Bravo, poetisa!
Por Ana Paula Perissé, às 9 de agosto de 2008 às 14:32
Sempre escreveste com alma...
Por Unknown, às 9 de agosto de 2008 às 14:38
querida Marta, obrigada pelo carinho que tens por meus escritos, sempre a me presentear um canitnho nesse teu lindo blog... obrigada viu, grande beijo!
Por Unknown, às 9 de agosto de 2008 às 18:47
é uma alegria ter te encontrado em dias tão especiais, escreves com alma de quem assume o risco existencial de todos verdadeiros poetas.
Por Unknown, às 25 de dezembro de 2008 às 04:09
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