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sábado, 12 de abril de 2008

Poesias e Amigos!


“Segredos da noite”

Noite quieta, não há movimento,
Todos foram dormir, a cidade dorme,
A lua em sua majestade embala a noite,
estrelas enfeitam o céu de inefável beleza.

Meu coração palpita, geme dentro da noite,
separado, pela distância sente a falta do amor,
Não vê flor á sua volta, o jardim secou, amarelou,
ficou deserto do verde, tristeza imensa invade o peito.

Dentro desse silêncio que envolve a noite,
meu pensamento voa, vai em busca da esperança,
quer recuperar o amor perdido, a ternura, a beleza e a calma.
Meu coração apaixonado sente saudades, que se transformou em dor


As lágrimas caem e encharcam o meu travesseiro,
inundam minha alma, o choro dorido ressurge e ameniza a dor,
a insônia se vai, deixando seu lugar ocupado por um sono tranqüilo
Já é manhã, renasce o dia e a esperança do amor me faz sonhar...

Jane Rossi e Marta Peres



"Segredos da noite II"

Mais uma vez o dia se vai e a noite chega
E no céu azul anil aparecem os pontos luminosos
Novamente a lua e as estrelas me fazem companhia
Outra noite de silêncio, a insônia já está a minha espera

Viro de um lado para outro e não consigo adormecer, levanto
Corro pra janela, conversarei com as estrelas até o sono chegar
Elas cintilam no céu, seus reflexos iluminam meu olhar angustiante
Me amparam, me sustentam e me acalentam, sinto a música no ar


Vejo os anjos, que harpejam, a mais bela sinfonia e o canto do amor
Viajo na imaginação, sonho acordada, sinto a alegria do amor chegando
Passeio nas nuvens brancas, o chão de estrelas refletem o brilho em meus pés
Um tapete de petalas de rosas iluminado torna macio e tranquilo o meu caminhar

E num leve piscar de olhos volto a realidade, outra vez a insônia partiu, dormirei
sono profundo, tranquilo, revigorando as forças, fazendo voltar dentro do coração
a esperança, a certeza do amor correspondido e então ouvirei sinos tocarem,
o céu será mais azul, os dias terão brilho, o sol mais alegre minha alma irá cantar!

Jane Rossi e Marta Peres



Brilho nos olhos...

Brilha os olhos no silêncio
Calam-se as palavras que a alma sente
O coração aperta, louco
Impele nas artérias o sangue impetuoso
Nutrindo as entranhas viscerais do querer

Docemente a ternura penetra fundo
Na carne ressequida da saudade
A nudez do corpo, veste as roupas da nostalgia.
O pensamento grita na noite escura e fria.

Silêncio, ninguém ouve.
Só o vento geme baixinho, solidário.
O coração continua o compasso
Da lembrança,
Do desejo ardente do teu ser
E tu, presente mas…. distante.
Ignoras a força do meu querer.

Fica, olha-me mesmo que não me toques
Sente, inflama,
Transforma-se em fogo ardente
Aquece meu coração,
Queima o meu corpo sedento do teu
Fica,
olha-me…
queima-me….

.
..
...

Maria Flor!


Vivendo a Poesia...

Tanto tempo que eu perdia
com as dúvidas
sobre o que fazer com o tempo
.
Perguntava a todos
o que já sabia de cor
.
Na esperança de uma resposta
diferente da realidade a aceitar
.
Agora aceitei
que não preciso duvidar de mim
.
Porque o que sou
é a mais perfeita transparência
de minha convicção
.
Agora eu duvido
que preciso ter mais dúvidas
Tudo - "é ou não é"
me disseram certa vez
.
Achei poético.
.
Hoje vivo a poesia!
.

Maria Flor!



Pode ser...

Tantas as vozes que perguntam por ti,
Tantos os olhares que te procuram,
Quantas lágrimas vertidas da lua,
Que refresca o sol nos meus gemidos de saudade,
Que nem o barulho do mar consegue abafar.

Pode ser que eu morra na praia...

Como tantas outras almas aqui pereceram,
Na companhia da areia que reflete a tristeza,
E a água salgada que os meus pés vem lavar,
Enquanto nas estrelas procuro o teu olhar,
O vento me abraça sem esconder minha aflição.

Pode ser que eu morra na praia...

Perdida no tempo, no pouco que resta,
Na espera do sol que nasce.
Quisera eu a esperança que alimenta a vida,
Viver com lua e sol e o teu amor,
Mais as estrelas cadentes e o mar.

Pode ser que eu morra na praia...

.
..
...

Maria Flor!


O sono da lua...

Eu vejo a lua
Na claridade do dia
Que sem lavar a face
Ainda por aqui passeia

No azul do céu
É ainda linda
Ora prateada ora chega a ser cinza
Como o resto da última fogueira

Ficou por aqui espiando
Aquecendo-se ao calor do sol
Com medo de dormir sozinha

Contemplo mais um pouco
E ela cai satisfeita
Vai dormir sorrindo
Com as amigas estrelas...

.
..
...

Maria Flor!


Não viu?


Na brisa da noite
Na luz do olhar
Na fresca manhã
Me diz:
Não viu meu sonho passar?

.
..
...

Maria Flor!


Triste...

Estou triste como quem perde um dia
e não sabe o que perdeu
Passado... Futuro... Presente
ou um somatório de desilusões...

Dormi garoante, acordei enluarada
caminhei sobre as águas
da chuva... do suor... orvalhos
procurando o sentido negado.

Estou triste como quem perde um dia
e não sabe onde perdeu
na cama... na vida... no tempo
em outro lugar,
sei lá...

Mirei horizonte, ceguei covardia
caí sob as águas do teu olhar,
e encontrando sentido,
fugi...

... feito poetisa sem pena,
coração sem sangue,
alma sem gêmea, solitária...

Feito mulher sem espelho,
sem brincos ou vestidos...

Armário entreaberto,
escapando recordações
mofadas de um tempo
que virou passado há muito...

Estou triste como quem procura,
o que nunca perdeu...

.
..
...

Maria Flor!

Transformação

Na transformação permanente

Mergulhamos no oceano das essências

O que uns chamam de velhice

Eu chamo de crescimento...

Envolvendo-nos por inteiro

De forma humana e dimensional,
Interligam-se e transcendem.
Intuindo, e subsistindo as transformações,

E na poética participação

Enriquece e sensibiliza.

Dora Dimolitsas



MIÇANGAS

Nas brumas lentas
fração de céu
cálice morno
um serafim
vestiu meu peito
negras miçangas
nos olhos tristes
mãos estendidas
mendigam pão
acesa brasa
sabores vãos
irremediávei
alma intratável
contando grãos
indecifráveis...

Ana Wagner

***



ESPERANÇA

flores abertas no peito
e de novo...e de novo
esperamos não sobreviver
permanecer adormecidos
sem versos nem olhares
sem tua face intocável

esperamos que o mundo se apague
que se feche a cortina
não cantem mais os pássaros
cale-se esse relâmpago de amor...

Ana Wagner



Esperança

Se voltares,
quem sabe,
outros planos,
novos ares...
quanto a mim,
sou sempre a mesma,
desde o início,
até o fim
de nossos dias,
nossas vidas,
encontros,
despedidas...

vi no céu, a estrela cadente
mas quem sabe ela volta,
se me quiseres...novamente !

Bia Marquez


DOLCEMENTE

Quando o silêncio era a resposta esperada
Uma melodia surge do nada
E mais outra, e mais outra
E de repente a música se faz presente
Dolcemente


Um novo som por mim desconhecido
Mas que consigo tocar por inteiro
Começando em dó menor
Prosseguindo num Sol bem Maior.


É você aqui, agora, tão perto,
Desvendando meus acordes
E eu, perdida em seus movimentos
Tão certos

Sussurando-lhe em pianíssmo
Amami per sempre,
Dolcemente
Io arrendo a te.


Karla Julia





Não se vá


Muitas vezes sinto meu coração mudo,
Quieto, num silencio profundo,
Tentando sentir você...
Quando você chega, meu coração,
Alegra-se, pula feliz e se entrega,
A doce magia de viver...

Quando você se ausenta de mim...
Eu entristeço-me, sim!
Mas meu coração chora e com nada se consola,
Até parece ser o fim...

Mas hoje quando você chegou foi diferente...
Meu coração de tão contente, chorou de felicidades.
E morrendo de medo, de sentir novamente saudades,
Fez-me um pedido.
Pediu-me pra eu nunca mais deixar você ficar ausente.
((Valquria Cordeiro))


Brilhante


Na alma do meu olhar
É uma longa jornada o que sinto
Mesmo antes o som era azul
Livre... livre... pelas ruas...
Te vejo passar do outro lado
E vago estaciono meu amor
Você dentro da minha vida
Você dentro dos meus olhos
Amanha uma gargalhada no fim do túnel
Aurora Boreal meu cavaleiro Angel
Metade da minha existência
Esse impacto quando te encontro...
Essa torre de luz!


Claudia Almeida


Ser Especial

Preparada para ao mundo vir
Com suas limitações
Para uma missão cumprir
E também evoluir.

Envolta em uma redoma de luz
Protegida por algo superior
Respira somente alegria
Tem a beleza da flor.

Cercada de muito carinho
Dedicação e amor
Vive ensinando e aprendendo
As lições do Criador.

No âmago do seu ser
No silêncio interior
Transmite pelo o olhar
Sua mensagem de amor.

Temos com ela aprendido
Paciência, coragem, resignação!
O amor intenso que doamos
Fortalece nossos corações.

Princesa, anjo e guerreira.
Por todos assim chamada
Mas para mim ela é
Minha adormecida fada.

Neneca, 03/02/08.



Amor

Amor é sentimento
Que brota no coração
Igual ao perfume da rosa
Exala em toda direção.

Mas é preciso regá-lo
Para frondoso crescer
E feliz espalhá-lo
Assim que florescer.

O amor é chama ardente
Que envolve o nosso ser
Bebendo em sua fonte
Iremos sempre ascender.

Apenas conserva o encanto
Aquele que deixa fluir
Esse nobre sentimento
Que na alma existir.

Neneca

Encontro com a Solidão

Ao longo da caminhada
Com medo da solidão
Sentia a alma apertada
E muita inquietação.

Fui seguindo adiante
Enfrentando os obstáculos
Procurando ser confiante
Tendo o amor por sustentáculo.

Mergulhando em meu ser
Procurei descobrir
Que para bem viver
É preciso refletir.

E nessa introspecção
Um lugar calmo encontrei
Vivendo minha solidão
De forma livre voei.

Voei por sobre o monte
Ouvindo a voz do vento
A Natureza é a fonte
Do mais suave acalento.

Neneca





Surpreenda-me

Surpreenda-me agora
venha até aqui sem demora
e traga contigo toda a luz
de um belo amanhecer
surpreenda-me agora
venha e traga contigo
tua saudade sem fim
teu desejo de mim
surpreenda-me agora
faça uma loucura de amor
ou muitas se assim for
surpreenda-me agora
deixe pousar em teu corpo
minhas mãos sedentas
e em tua boca meu beijo mais louco
surpreenda-me agora
vem...
mas vem sem tempo
vem sem demora
surpreenda-me agora.

Rosane Silveira


Esperando por você

Na tarde melancólica de outono
A chuva fina, caindo incessante
pingos densos, deslizam em gotas
cristalinos, molham o chão

Eu triste, esperando por você...

O céu cinzento, em silencio
parece ouvir meus lamentos
cúmplice, chora comigo...
Chuva fria, lágrimas de saudades

Observo o som melódico
ruído suave dos pingos de chuva
batendo, escorrendo devagar
pela vidraça embaçada
lentamente, inundando
minha alma entristecida

Queria neste momento
sentir uma vez mais, seu calor
seu toque delicado, suave
aquecendo a minha mão...

Ouvir o seu sorriso feliz
misturando-se ao som da chuva
ouvir sua voz suave, macia
suas palavras carinhosas, doces
embriagando-me de amor!
(Van)


Meu beijo...

Sabor morango
com cobertura de chocolate
quando encontra sua boca quente
derrete-se...
doce iguaria, desejos!

Seus lábios, no ápice do prazer
recebem ansiosos, as gotas densas
envolvidas em volúpia...
Adoça sua língua!

Meu beijo...

Sabor morango com chocolate
misturando-se devagar
ao licor de sua saliva...
Alquimia doce, cala palavras
excitante, sufoca gemidos
insano, libera a libido
(Van)






Poeta Afonso Estebanez, Poeta dotado dos talentos valiosos do Pai, nos dá sua valiosa contribuição poética. Sua marca dentro da literatura brasileira a cada dia torna-se mais nítida.
Parabéns Poeta!





SEGREDOS DA INSÔNIA
II

Até que essa lembrança enfim me esqueça
há noites de desterro do amor que não vivi.
Pode ser exaustão de luz na lâmpada acesa...
E ainda assim me é possível resistir!

Contorno a direção da porta, transtornado.
Pode ser um carteiro noturno e devo abrir.
Pode ser o domingo retornando ao sábado...
E ainda sei que me é possível resistir!

Talvez um corpo astral de aeronauta ainda
meu duplo que retorna antes de prosseguir
na fé dos missionários da esperança finda...
E ainda me é possível resistir!

Porém vou levantar-me lentamente agora
e reescrever os últimos versos que escrevi.
Depois vou caminhar devagar até a porta...
Pois não é mais possível resistir!

A. Estebanez








SEGREDOS DA INSÔNIA
I

Até que a noite faça agonizar-me o sono
meu coração ainda insiste em pressentir
ruídos de batidas nos porões da insônia...
Mas sei que me é possível resistir!

São pesadelos reencarnados do passado
morto... Fantasmas de navios ancorados
nos cais abandonados das ilhas de mim...
E sei que me é possível resistir!

Até que em morte acorde e eu adormeça
ainda sinto adormecidas sensações de ti...
De um lugar assombrado em minha vida
de onde sei que é possível resistir!

Ô, mulher-menina que perdi na infância
canção do bem-querer de quanto padeci...
Uma certa saudade vadia sem distância
e ainda assim me é possível resistir!

A. Estebanez



SEGREDOS DA INSÔNIA
III

Permitir que me banhe a claridade do luar
como a alvorada inaugural o ultimo porvir.
Por trás do reposteiro um anjo me convida
e não é mais possível resistir!

Guardo as fotografias dos parentes mortos.
Depois conforto meus sentidos sem sentir...
Os versos falam já transcritos na memória
que é quase impossível resistir!

E antes que o coração em cânticos pereça
devo afinal abrir a porta, morrer e desistir...
Como a hora desiste do relógio sonolento
sem tempo agora para resistir!

Eu me absolvo de afogar-me em lágrimas
se é para sempre que esta noite vou partir...
Vou perder-me entre a linha do horizonte
e viver e sonhar e morrer sem resistir!

Como vivem os lírios dos campos...
Como sonham os pássaros da paz...
Como ama o amor os desencantos...
E morrem os heróis sem desistir...

A. Estebanez



Percepção

Amor tomando direção...
Invasão sentida no ar,
Inquieto fica o coração,
Sem defesas, sem lugar...

Jeito de rara sensação,
Imensidão querendo abraçar,
Possuir momentos de emoção,
Ser inteiro, ensinar a amar...

Paixão abrindo-se feito flor,
Ternura viva, com nova cor...
Sensibilidade atingida.

Sentimento querendo acontecer...
Sussurrando alegrias no viver...
Pressentimento de paz na vida!...

(Cida Luz)

Vivia melhor sem ele.

Não tinha conhecido o amor, era feliz assim
Tinha meus sonhos, meu mundo, minhas fantasias
Sorria, chorava, tinha tristezas, alegrias...
Meu coração era livre, enfim

Sentia-me solto como um pássaro a voar
Como barco sem um cais certo pra se aportar
Vivia como beija-flor beijando de flor em flor
Não conhecia o amor, mas também nem a dor.

Certo dia mansamente ele apareceu
Com seu encanto fez de meu Ser, seu.
Pela primeira vez senti o amor bater no peito
Tentei fugir, mas não houve jeito

Foi muito bom, no primeiro momento
Emoção tamanha que não cabia nos sentimentos
Hoje perdi a liberdade, vivo numa prisão
Desta ferida exposta que o amor deixou em meu coração.

Ataíde Lemos

A necessidade da dor

A dor machuca, incomoda, desconforta
Mas, a dor provoca, instiga mudança.
Acende novos conceitos, abre preceitos.

Fugimos da dor, para não sofrer
No entanto, ela nos faz crescer
É uma maneira também de se aprender.

A dor tem o poder de unir os homens
Construir sentimento de solidariedade
Fortalecer atos de fraternidade.

A dor derruba o egoísmo e o orgulho
Expõe a pequenez e fraqueza,
Dando-nos uma real certeza
De que somos iguais

A dor expõe sentimentos escondidos
Não permite carregar os fardos sozinhos
Por longo tempo no percurso do caminho.

Enfim, a dor mesmo odiada
Acaba sendo nossa amiga e aliada
Mesmo não entendida,
É uma necessidade em nossa vida.

Ataíde Lemos







Ilusão




Vivi uma paixão insana
com tanta intensidade
deixei me levar, sem forças para
parar, este fogo que não queima
faz nos sentir viva, nos engana.



Hoje fujo desta paixão tentando;
me arrepender sem conseguir
vou levando, pois e tão bom viver
este sentimento insano.


E um sentimento sem amor
que nos prende por engano
nos tome como um ladrão
roubando meu coração.

Quando passa vem a tristeza
não ter fugido deste sentimento
Só o silencio ficou entre nos, tempo perdido.
nada nos deixou! sós lembranças ficou.



Eliza Gregio







Poeta que canta os amores, assim vejo Gustavo Drumond. Seu sangue mineiro escreve versos encantadores, versos que nos levam ao êxtase.
Poeta, ler seus textos é sempre um imenso prazer.






Gustavo Drummond
Mineiro de Sete Lagoas.
Formado em História; escrevo desde criança;
Tenho editado participação em várias antologias, e um livro solo:
"À Flor da Pele"
Contato: gutodrummond@gmailcom



PASSOS

A jornada anunciada,
O primeiro passo,
passa por mim,
Pisa alternado,
Começo de jornada,
rota alterada,
reta paralela,
conduz ao destino,
sonho de menino,
atinge seu fim.
Tinge, demarca,
cinge, atinge
determinadas,
Metas, objetivos,
A razão do sentimento,
Supre de alimento,
Prova do amor
sem limite,
Livre arbítrio,
Absorve, consome,
enleva, seduz,
E se ama,
Para te amar,
E te chama
por nome.
Acende a chama
da presença desejada,
Sem licença,
Abre a porta, entra,
Invade, investe,
Remete, enternece,
Cativa, cativo
no peito,
amor perfeito,
une, entrelaça.
Razão dos passos,
fruto da vinha,
Uvas pisadas,
tinto vinho,
tinto na boca,
Degustado no corpo,
No cálice da amada,
Escorre disperso,
Úmido, com seu gosto,
Que gosto
de degustar,
Molha a língua,
embriaga de querer,
Encontro da matéria
prática, plácida,
enternece, cresce;
Tremores , colírio
da alma,
Néctar da sedução,
Entrega sem medo,
Passo a passo,
Adere dois seres,
Uno prazer, prazeres,
Cúmplices, sócios
da mesma sede,
Presos na mesma rede,
Compartilham as passas
espalhadas na pele,
Agradecem os passos,
Que motivaram o encontro,
Bebem na mesma fonte,
Línguas de fogo,
Se consomem em beijos,
Marcas, desejos,
Flor de lótus,
Fruto proibido,
Atiça o libido,
Libera selvagem instinto,
doce, calmo, carma,
Os passos dados,
O vinho tinto,
Saciada carne
carmim.
Dormem agora,
Chove lá fora,
Sonho sem fim!


CÓDICE

Curti com esmero,
A pele do sacro cordeiro,
Alisei, preparei, pus carinho,
Qual um pai dá ao filho,
Coloquei zelo, primei,
Cobri de sentimento,
Tomei da pena
Impregnada de tinta carmim,
Á desenhar no papiro marfim.
Com letras cuidadosas,

Rebuscadas, n´alma buscadas,
Falei de amor,
Disse sobre voce.
Despatelei a flor,
Rosa vermelha,
Lírio do campo,
Doce centelha
a escorrer mel sivestre,
Da sua beleza insinuante,
Dos seus cabelos agrestes,
Seus apelos clamantes,
por um amor impossível.
Menina ainda, mais que linda
estrela da manhã,
Despertar de um astro,
Despontar de um barco,
Despetalar de sentimento,
á cair como lagrímas.
Porque a paixão, atemporal,
por um velho cansado?
Escritor casual,
De sagas, editais, histórias,
existentes só na memória
antiga.
O corpo estigmatizado pelo tempo,
que o vento levará logo, breve...
Guarde esse gostar tão puro, leve-o
para diferente destino, caminho.
Se algum dia, voltar,
Estiver aqui ainda,
As mãos trêmulas,
As vistas quase mortas; tome!
Leve esse pergaminho no peito,
Gravado seu nome,
De ternura feito;
Um jeito de dizer-lhe, querida,
foste o uníco amor de minha vida...



MULHER E MORANGO

Estação de colheita,
frutos maduros,
Filhos de rosáceas,
pungente vermelho.
Pele morena,

Cutís espelhada,
Lisa, refletida,
Dentro de mim,
Hora exata; rosada...
Orna a fruteira,
Decora o cenacúlo,
Compõe a alcova,
Parte do inteiro.
Amor meio á meio;
Fragmentam num todo,
Num tudo
sem fim.

Silvestre,
Terrestre,
Brotam da terra,
Brota em meu peito,
O amor nascente,
beija a seara,
Doce sabor,
A boca clara,
Mel, olor...
O seio do chão,
O cio feminino,
Sementes de oração,
Demente instinto,
Fruto, tesão...

Absorve da natureza,
Seivas generosas,
Suga com destreza,
Sumos do prazer.
Veias, raízes,
Celúlas, clorofila,
Umídos, unidos,
Tece, fia
com maestria,
Teias valiosas,
Alimentos generosos,
Inebriam os lábios,
Adormecem á língua,
Néctar, ópio.
Gotas de rócio,
Mulher despida,
Coberta de morango,
Fecunda, agita,
Rubro sensual,,
Ao som de um tango;
No solo, as vestes,
Na alma morango do nordeste...



DECIFRA-ME
Sou código de barras,
Meteoro, metamorfose,
Barra pesada, simbíose.
O ontem chegante, depois...
Pois sou topázio, damasco,
Caravana de um mercador,
Sou o mal, sou a cura,
Sou a dor, o anador.
Água, umidade, secura...

Águia vermelha, espelho
Seus sonhos de algodão doce,
Maré, mar, maresia, O amar
intinerante, que veio pra ficar
E ficou.
Sou faca de corte
Um corte na corte; cortêz.
Barbáro, escravo, seu Senhor.
A casa de penhores, ouro
por papel; confetes do céu.
Sou nuvem passageira, metralhadora,
O Tesouro Público negro véu,
Tesoura voadora...

Sou a quina da esquina,
Veneno e o antídoto,
Serpente antiga,
O Museu Futurista
A guitarra afinada,
a língua afiada.
A primeira vista
Sou cego, vesgo,
Prego, pessêgo.
Seios e meios,
Faquir anêmico,
Metade e meia,
Duplo sentido,
Parto assistido,
Artérias, veias,
Conduzindo petróleo,
Seduzindo odaliscas,
A boca que pisca
na contra-mão...

Final de novela das oito,
A sétima arte,
O sexto sentido,
Primeiro coito,
Mistério á parte,
Não sou respostas,
Não faço sentido.
a janela e a porta,
Pouco importa se gosta,
Eu me amo assim!...




VIVENDO DE AMAR

Chegaste de repente.
Como brisa matutina,
Como pluma ao vento,
Tudo que sente,
Sinto de forma divina.
Quanto mais tento,
Te esquecer, mais penso;
Mais te tenho em mim.
Amar tão intenso,
Que te agoniza,
Me dilacera.
Nos harmoniza,
Une dois elos,
Ata dua almas,
Cola dois corpos,
Um mesmo encanto,
Único canto,
Dueto harmônico,
Duelo crônico,
Ãnsia de toques, beijos,
Supera muros, montanhas,
Ultrapassa limte e velocidade.
Uma gostosa reciprocidade.
Cumplicidade definida.
Mulher tão bonita,
Como o ventríloquo
E seus bonecos,
Aragem de fim de maio,
Bailar de raios,
Em noite de tempestade.
Bem maior,
Maior presente,
Ora presente,
Onipresente.
Dança do ventre,
Bailar da água,
Venha e entre,
Na minha vida e deságua,
Fique em meu ser,
Chegue e sente.
Embeleze esse país,
Perfume essa ilha,
Tudo que quis,
Maravilhe, minha maravilha.
Puro mel e sal,
Só céu e manancial.
Fonte do meu querer,
Sede do seu olhar,
Fome que quero ter.
Como não te amar?
Me perco nos seus desejos,
Brinco com seu brinco brilhante
Farta-se com meus beijos,
Seja apenas este exato instante,
O futuro longe e certo,
Só quero estar perto,
Só posso estar em voce,
Linda namorada,
Doce amada,
Prazer te conhecer!...

{Gustavo Drummond]


ENCANTO
Ser-luz, lume,
Brisa, vento,
Alento, aragem.
O climax, o cume,
Vida-movimento,
Beleza a fluir,
Toque de classe,
Diva linda.
Diga sim,
Me enlace
Em suas teias,
Ate-me com seus cabelos,
Me abrace;
Ouça meus apelos.
me acorrente
Em seus sonhos.
Envolva-me de vez.
Seja a tatuagem,
Gravada em minha tez.
A voz que falo,
A direção do meu olhar,
A música que ouço,
E nesse embalo,
Vamos levitar,
Transpor as pontes,
Saltar viadutos,
Transpor os túneis.
Não fale, não conte.
Apenas me beije,
E deixe
Eu te amar!...



VESTIDA PARA AMAR.

Sua nudez se veste,
De fina lingérie,
Seda, pessego, leve.
Ultra-leve vestir.
Saltos tão altos,
Como planalto central.
Mulher-diva,
Fêmea-animal,
Meu coração aos saltos;
Sua vocação para deslumbrar.
Vestido negro como noite de gala.
Fina transparência; aderente.
Maquiagem discreta para amar.
Meu corpo pulsa e sente,
Seu corpo chegar.
Seus lábios coloridos,
Meus desejos preferidos,
Voce sabe de cor e prática.
Minha visão estática
Não se cansa de te admirar.

Curvas, planaltos realçados.
Pela roupa sensual e colante.
Seios que ameaçam fugir do decote,
Meios de conter o ímpeto voraz.
Nos fetiches há um corte,
Tanto amar, prazer audaz,
Corpos imantados se atraem.
Colados; única tatuagem.
Sútilmente cai os panos.
Abre a cortina do cenário.
Todos prazeres divinos-mundanos,
Toques mágicos, toques vários.

Nosso querer levita,
Voa em vistoso zepelin.
Da noite até Pequim.
Tudo nos provoca, excita.
E, atores das mesmas cenas.
Amantes do mesmo amar,
Carícias tão plenas.
Gostoso mergulhar,
Voo de mesma rota,
Personagens do mesmo filme.
Nos perdemos em lençois brancos,
Nos encontramos no mesmo canto.
Dançamos a mesma dança;
Do ventre, do vento, da chuva.
Molhados; marcados de unhas e dentes.
Dois solitários sorrisos contentes,
Prenúncio do extâse anunciado.
Cumplíces, compartilhados.
Sócios dos iguais orgasmos.
Que agora dormem saciados.

O relógio diz ser não sei que hora,
Flui um aroma âmbar, de sal e mel,
Se voce acordar, me chama, me namora,
Derrame o vermelho vinho ao léu!...



MAR

De todas as cores,
amplidão
que se perde de vista.
só avisto voce,
entre algas e perólas,
Solidão adversa,
ilha habitada
por mim,
Sonho sem fim,
Todo meio
é válido,
é vadio,
Água no cio.
Para começar,
nova travessia,
Outro navegar.
Amar é preciso.
voce é precisa-
mente quem quero,
Brando maremoto,
Suave tsunami,
amena procela.
Me ata,
Arrebata.
com seus cabelos,
sorri despojada,
Cale-se, calada,
O silêncio da sereia,
O queimar da areia.
Musa na minha tela,
Beijos, apelos,
ondas gigantes,
Quebram na costeira.
Arranho suas costas,
Avassalo seu litoral.
O farol, o sinal
de nosso tempo.
Minha melhor aposta,
Te beijo, se gosta,
Te beijo pelo vento
do nordeste,
Te grito
pelo infinito
oceano.
Inundo seu agreste
querer
bem,
Viajo até bem fundo
desse mar,
Me inundo,
Mergulhar, nadar
de braçadas.
Em seu seio.
Profanar
o meio,
por completo.
vôo sem teto.
a navegar!....

[gustavo drummond







6 Comentários:

  • Marta Peres

    Mais um dia e a alma amor encharca esse espaço generoso que permite no tempo exato em q transbordamos nossas alegrias e desejos!
    Que o amor infinito de Deus permaneça em todos os seus dias
    Claudia Almeida

    Por Blogger Claudia Almeida, às 12 de abril de 2008 às 13:40  

  • Que trabalho bonito o teu, Marta!
    Quantos poetas maravilhosos compartilhando estas páginas! Que continues sempre assim iluminada, poetisa do nosso coração!.

    Ana Wagner

    Por Blogger ana wagner, às 12 de abril de 2008 às 13:50  

  • Oi Marta.Como é maravilhoso fazer parte desse seu cantinho, criado com todo carinho, para receber os amigos com suas poesias.
    É mais uma oportunidade que nos é concedida, pela sua generosidade
    Um grande abraço.
    Neneca

    Por Blogger Neneca Barbosa - Um ser humano em evolução!, às 13 de abril de 2008 às 07:48  

  • Marta Peres

    você não sabe tamanha satisfação a minha por está no meio de tantos nomes, seu espaço é lindo...É uma honra imensa fazer parte desse cantinho...Agradeço muito pelo carinho e apoio que tem me dado!

    Abraços!!!



    Flávio Cardoso Reis.

    Por Blogger Flávio Reis, às 18 de abril de 2008 às 09:07  

  • Um paraíso da Poesia, assim me sinto aqui.
    A amiga Martha com sua sensiblidade e talento nos conduz a
    um recanto de lirismo, quimeras e magia.Parabéns pelo seu trabalho e pelo amor com que divulga poetas que querem expor seus versos.
    muita genta boa por aqui; um deleite ter a hornra de os ler.
    Grato

    Por Blogger gustavo drummond, às 18 de abril de 2008 às 13:10  

  • Obrigada Marta por postar meus textos nesse espaço maravilhoso.

    Van

    Por Blogger Unknown, às 19 de abril de 2008 às 18:47  

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