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sábado, 5 de novembro de 2011

DIA DE PARTIR






















DIA DE PARTIR


Por Fátima Venutti



Dia de finados.
A cama vazia, silêncio virado em saudade.
Pela janela, o vento empurrava o voil
enquanto a vida passava em Super 8 pela TV.
Um pigarro a mais, puxou a bacia
sob a cama e cuspiu: mais um sonho, menos um dia.


Margaridas no campo santo.
O vazio do corpo, saudade alimentando a lápide.
Um Pai Nosso, três Ave Marias e um Glória a Deus.
Mais um ano na imensidão do vazio:
da cama, da carne açoitada, da vida desnecessária.
A chuva calou as velas acesas. Mais um pigarro...


A casa vazia, o ruído da placa: vende-se
O silêncio em nortes, histórias escritas nas paredes,
Chinelos esquecidos na varanda, a rede, o sofá,
O nó, a escada, a corda, o vento: saudade.
Sob a cama, a bacia transborda excrementos.
A morte é um girassol a se levantar todas as manhãs.

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