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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sobre homens e bichos!











Rodrigo Novaes de Almeida - Escritor e jornalista (Rio de Janeiro-1976), publicou, pela Multifoco Editora, o livro de contos “Rapsódias – Primeiras Histórias Breves” (2009), pela Mojo Books, a ficção “A saga de Lucifere”, e participou das antologias “Portal Stalker”, “Portal Fundação” e “Portal 2001” (org. Nelson de Oliveira).






Sobre homens e bichos
Rodrigo Novaes de Almeida.

Samantha estava deitada de bruços sobre a canga, aquela bundinha pequena empinada para o sol, que horas deveriam ser?, eu tentava descobrir, através da sombra na cavidade do biquíni, como se aquela bundinha fosse um relógio solar. Já estava ficando tostada, depois ia tomar uma ducha fria e querer sexo. Eu era tarado naquela bundinha. Pedi outra cerveja para a moça da barraca e peguei o caderno de cultura do jornal que estava ao meu lado na areia. Se continuasse olhando para a Samantha, ia dar na pinta para todo mundo que estava ficando de pau duro. Tinha muita família em volta. Umas crianças brincavam por perto, as mães gritavam para que não entrassem no mar. Um fuzuê, praia em fim de semana. Eu detestava, evitava sempre, mas Samantha não queria perder o sol, queria tostar. Eu nunca tive coragem de dizer que preferia ela branquinha, aqueles peitinhos durinhos que cabem na boca e que pareciam cocadinhas… Abri logo o jornal antes que os meus pensamentos pulassem literalmente da sunga e provocassem um incidente internacional nas cercanias daquele pedaço de praia. “Uma fregata magnificens macho fora derrubada pelo vento quando tentava seduzir a fêmea.” Notícia importante, continuei lendo. “O saco vermelho, extensão dos sacos aéreos cervicais, infla para que a fêmea, impressionada, faça oh!, e tope acasalar.” Samantha se levantou e me perguntou se eu queria dar um mergulho. Fiz sinal que não com a cabeça. Ela se virou e foi em direção ao mar. Fiquei observando a bundinha da Samantha indo ritmicamente, como se dissesse para mim fofo-lete, fofo-lete, fofo-lete… Esse sol já estava fritando os meus miolos, que tesão desgraçado! Voltei à página do jornal. “Segundo o ambientalista P., a fregata deve ter se exibido além da conta, perdeu a noção e se acidentou com o vento. Medicada, já foi reintegrada, ontem, às Ilhas Cagarras – e deve estar tentando algo para o fim de semana.” Mané. Abaixei o jornal e olhei para as Ilhas Cagarras adiante. Mais perto, saindo do mar, vinha a Samantha. Meu tesão! Já estava de bom tamanho, não? Ela se aproximou e eu disse que queria ir embora, o sol está muito forte, sabe? Sei, sim, você está muito quente, né, querido? Nem um mergulhinho dá jeito. Então acalma o menino aí enquanto eu me seco, que em casa eu resolvo o problema de vocês dois, ela me disse, rindo e olhando para a minha sunga, que mal se cabia no mundo, depois se virou para se secar com a canga e, sacanamente, a sua bundinha tomou todo o meu campo visual. Chega de praia por hoje, arrematei, ditoso.

Rodrigo Novaes de Almeida

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