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terça-feira, 11 de março de 2008

Série Novos Talentos!



Beija-flor


Voa o pequeno pássaro.

Rubi, esplendor emplumado.

Voa o beija-flor,

ave-poema alado.


Paira poesia imóvel.

Minúsculo para ser um soneto,

pequeno, 5 ou 6 versos.

De for em flor...poemeto.


Lenise Marques





O Sorveteiro


Passa o sorveteiro

nas ruas da memória.

O som da sineta

nos chamava à calçada.

- Quanto moço?

- tem de abacaxi?

E lá se ia badalando

a sineta rua à fora.


Doces tardes sonolentas

da infância que passou!


Não sei porque lembro disso!

Talvez porque a tarde,

pestaneje de sono como outrora,

ou talvez porque a menina que fui,

ainda olhe curiosa a rua,

por trás de meus olhos de adulta,

a espera dos sabores

que a vida lhe trará.


Lenise Marques








Lua Nua


Varando o escuro da noite

Ela deita sobre a terra

O leitoso olhar

Hipnótica claridade

Noturnas sombras de luar


Lua! Redonda e magnífica!

Qual celeste matrona

Gorda e pálida

Despudoradamente revelando

Entre negras rendas

A alva e luminosa pele


Bela e branca

Absolutamente crua!

Indecentemente nua!

Explendidamente...lua!


Lenise Marques






Neblina


Denso amanhece o dia

Cerração baixa

Imersos na bruma branca

Nadam aquáticos os prédios.


Na paisagem submersa

Teus olhos tem escamas

E me olham prateados

Qual dois peixes no aquário


Manhã marinha

Deslizam os carros nas ruas

Lentamente quais barcaças,


Úmido é o ar

Cheiro de maresia

Quase gosto de mar!


Lenise Marques




Trigais Maduros


Solitárias passaram-se as estações

Nunca encontros, sempre despedidas

Muitas vezes amadureceram os trigais

Até que chegastes em minha vida.


Vem! Tem um lugar em meu peito

Uma poltrona em frente à lareira

Amor com cheiro de pão fresquinho

Gosto de maçã, som de cachoeira.


Amor margarida, abelha, beija-flor

Um carinho como nunca tivestes:

De ternura infinita...é o meu amor!


Vem! Pois se anuncia a nova estação

E já de novo se cobre de dourado

Nos campos de trigo o delgado grão.


Lenise Marques






Néon


Tão pequena na noite enorme

Tão só em meio à multidão

Nas danceterias, nos bares

Tendo por companhia a solidão!


Tu passas, nem me vês

Não notas no meu peito a placa

"Há vagas"! Em letras garrafais

Já somes na madrugada opaca!


Ficamos eu, e a verde luz néon,

Apagada uma...

Piscando a outra..


Lenise Marques






Borboletas de letras


Abri o livro...cuidadosamente, mas qual..

tarde demais, os poemas escaparam,

nacarados: azuis, vermelhos amarelos,

as asas batendo numa profusão de cores


Rimas, versos brancos, sonetos, trovas

Delicadas asas, turbilhão de sensações,

palavras em belíssimas evoluções aladas!


E me quedei absorta e deslumbrada

Pela infinita cor, movimento e paixão,

Da letra preta, imóvel sobre o papel branco!


Lenise Marques






Miragem


Sou toda rosas e espinhos,

e por não saber à que vim,

é que me perco em mim

a procura de meus caminhos.


Se vivo em internos mundos,

é porque são mais coloridos

esses campos d'Eu floridos

de liláses sob céus profundos.


E se achas meu ser um tanto etéreo,

saibas que também o sou para mim,

vivo a procura de meu início e fim.

Sou miragem! Meu próprio mistério!


Lenise Marques






Samurai


Zuimmm!

Corta a sala o olhar!

Docemente cruel!


Lampeja na escura íris

o brilho das estrelas metálicas

da lâmina samurai.


O olho afiado rompe

a roupa, a carne, o sangue

deixando a alma nua,

rendida! Misericórdia!


E em um looping mergulha

no aço do olho prateado

o meu pobre olhar subjugado:

definitivamente kamikaze!


Lenise Marques



Roda Poesia


Caminha a vida apressada.

Entre um poema e outro,

trabalhar, comer, dormir.

No concreto duro da calçada

batem os saltos dos sapatos.

Entre uma rima e outra,

luzes passam - automóveis,

bate a chuva na sombrinha,

cada pingo - versos móveis.

Cada imagem simetria.

Roda som, luz , movimento!

Tudo gira - poesia!


Lenise Marques





Veleiros


Memórias que cálidas permanecem,

de ternos naufragados amores.

Carinhos levados pelas águas do tempo,

Lembranças desbotadas, incolores.


Paixões feito veleiros abandonando o cais,

as velas brancas sumindo no horizonte,

tangidas por ventos de nunca mais!


Meus doces perdidos amores!

Lindas memórias de veludo,

que guardo em caixas de recordações!

Se um dia foram de beijos os lábios meus,

e depois de adeus, são hoje de orações:


- Que os leve o gentil e leve,

sopro de Deus!

Adeus!


Lenise Marques





O Poema de Barro


De barro fiz meu poema,

humilde e castanha criatura,

à minha imagem e semelhança.


Mas em seus ouvidos,

sussurraram maliciosos os anjos

com suas vozes de eternidade,

e por trás de suas pálpebras cerradas

teceram mágicas imagens de sonho.


Tolo poema! Anseia agora por asas,

que não lhe posso dar!


Lenise Marques







Vem destacando-se dentro da literatura nacional Lenise Marques, filha do nosso querido estado, Rio Grande do Sul.
Rio Grande do Sul, parabéns pelos grandes poetas, filhos seus que oferece ao país.
Lenise Marques é doçura em pessoa, porém forte e com forte traço literário.
Lendo os poemas de Lenise nos encantamos com sua modéstia, porém percebemos o traço elegante e de bom gosto nos versos.
Obrigada Lenise Marques, por nos proporcionar boa leitura dos seus belos poemas.






Mini Biografia:


Lenise Marques é natural de Quarai (RS) e reside atualmente em Jaraguá do Sul (SC).

É formada em Engenharia Elétrica pela PUC de Porto Alegre e trabalha com projetos elétricos industriais.

É leitora voraz desde que aprendeu a ler e escritora há pouco tempo. Observadora da natureza e do comportamento humano tira dessas observações matéria prima para seus contos, crônicas e principalmente poesias.

Participou da Antologia “Poetas pela Paz e Justiça Social” de 2.007 e seus trabalhos completos podem ser encontrados em http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=16399

4 Comentários:

  • Marta!! Ficou lindo! Imensamente obrigada pela divulgação! Foi algo muito carinhoso de tua parte dar essa força para quem está começando! Mil beijos amiga e que Deus te guarde em sua mão!

    Por Blogger Unknown, às 11 de março de 2008 às 15:50  

  • ♥ Lenise,venho acompanhando já há algum tempo o seu trajeto de poetisa..., portanto, posso e devo dizer, você está cada vez mais apurada e íntima dos bons versos.
    Sua linguagem é doce e simples, porém marcante! Não há como não observar o seu grande talento poético! Sinto-me honrada por ser sua leitora e amiga!
    Um afetuoso abraço e muita luz em seu caminho!PARABÉNS!!!♥
    .

    Por Blogger Roseane S. Barros, às 11 de março de 2008 às 16:21  

  • Parabéns Marta Peres, por sua feliz escolha...
    Lenise é uma estrela da poesia!!!♥
    Um abraço!

    Por Blogger Roseane S. Barros, às 11 de março de 2008 às 16:24  

  • Singela nos versos realça um formato que bens sabe que admiro muito.
    Você une culturas poeta nossa, imagem nossa de cada dia.

    Muito bom

    Claudia Almeida

    Por Blogger Claudia Almeida, às 16 de março de 2008 às 16:51  

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