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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Poesia de Ysolda Cabral


A Poesia de Ysolda Cabral








NÁUFRAGA DE MIM
Ysolda Cabral



Oscilando entre o bem e o mau,
A deriva do vento, tal qual uma Nau.
Sem direção e sem pensamento,
Sou náufraga em mar turbulento.

No fundo do oceano desconhecido,
Num reino submerso e distorcido,
Minha Nau de ponta-cabeça,
Causa séria estranheza.

Lá em cima não existe tristeza,
O mar é de esperança! É só beleza.
Faz da linha do horizonte,
Entre o céu e mar, uma ponte.

Preciso do fundo emergir!
Sair deste mundo úmido, escuro.
Não faço parte disto aqui.
E sei que, só depende de mim.







AGORA JAZ MINHA ALEGRIA
Ysolda Cabral

Quando canto uma canção,
Quando escrevo em devoção,

Quando penso em você;
Meu coração bate contente.

Na noite de Vento quente
Meu amor pede passagem,
Temendo as tempestades
Advindas de inverdades.

Vento de poucos amigos
Que adora soprar no meu ouvido,
Disse que de mim não sentes saudades.
- Vê se pode!
Nunca vi tanta maldade.

Uma coisa dessas não se diz e nem se faz
Há pouco eu estava tão feliz!
Agora não estou mais.




RESPONDA-ME
Ysolda Cabral

Desde quando falamos só o que devemos?
Desde quando fazemos só o que queremos?

Desde quando temos apenas sonhos?
Desde quando somos totalmente verdadeiros?

Desde quando alguém nos entende?
Desde quando de alguém entendemos?

Desde quando somos só simpatia?
Desde quando somos só nostalgia?

Desde quando somos justos?
Desde quando somos mudos?

Desde quando somos ocos, moucos?
Desde quando somos loucos?

Desde quando somos bobos?
Desde quando somos rôtos?

Desde quando somos lordes?
Desde quando somos pobres?

Desde quando tudo é poesia?
Desde quando não sentimos agonia?

Desde quando o amor é só alegria?
Desde quando a vida é toda certinha?




MAUSOLÉU DE VERSOS
De: Ysolda Cabral

Olhando pro nada me vejo,
Projetos de vida esqueço,
Flutuo no espaço permitido,
Sinto que criei um mito.

Porém os versos escondidos,
Que guardo a sete chaves comigo,
Ainda não decidi seu destino,
Talvez a lata do lixo...

Não precisa ser de bom tamanho,
Nem que tenha chave ou cadeado,
Basta que esteja em bom estado.

Uma tampa bastante resistente,
Que feche bem o recipiente,
Mausoléu de versos silentes.





BOM-BOM DE FRAMBOESA
Ysolda Cabral

Dia lindo e ensolarado.
Vento calmo, apaziguado

Pelo amor que existe em mim;
Vai e diz a ele que sou assim:

Meio fora do compasso,
Sem ele me falta um pedaço.
Desafinada e meio torta, capenga.
Gosto de uma boa arenga
Pra esconder querer amasso...

Um amasso bem amassadinho,
Que deixe na boca o gosto de framboesa
Do bom-bom saboreado,
Na noite de solidão, bem escondidinho.

Ah, sou mesmo caso perdido!
Tão apaixonada que nem acredito!

Quero da Vida um hiato permanente,
Entre o antes e o que depois haveria.
Nele eu, você e a sua poesia.
Simples assim! Para sempre.




LÁ E O CÁ
Ysolda Cabral

Cada um com seus mistérios
Todos tentam esconder
Sem contudo entender
Que, para os mais perspicazes,
Mistério algum pode haver.

Seria mais simples saber
Um dos outros e proceder,
Com correção, respeito
E consideração...
Assim seria muito mais fácil
Viver.

Viver qualquer vida,
Em qualquer lugar,
Em qualquer circunstância,
É bem difícil,
Eu sei!

Muitas vezes fazemos de conta,
E neste faz- de- conta,
Que a diferença encanta,
Corremos o risco,
Da lucidez perder.

Compreender tudo isto,
É impossível!
Penso, penso e não consigo,
Uma solução encontrar,
Que ponha fim a essa agonia,
De não saber como achar
Uma equilibrada harmonia.
Entre o lá e o cá.





FUGINDO DO CONTEXTO
Ysolda Cabral

Sei que nada sei
Sei que nada sou
Sei que não estou
Em mim
Amanhã talvez

Muito grande, às vezes, é a dor
O entendimento não acontece
O sofrimento rasga o peito
Paralisando a gente
Que sente e vive amor

O desencanto acontece
A ilusão desaparece
O sentimento enlouquece
E vamos perdendo a razão
E ficar assim
Não sei não

Não adianta chorar
Não adianta penar
Não adianta perdoar
O que está feito
Está feito

Se assim for
Não tem feito
Aquilo que não tem conserto
No sonho está desfeito
Acordar rápido é o jeito
Para não sofrer mais dor

E mesmo sem conserto
Fugindo muitas vezes
Do contexto, insisto e vou
E assim, com a dor diminuída
Ou controlada no peito
Sigo à procura
De um suave desfecho
Para que ele seja só de amor.





ORAÇÃO DO ENTARDECER
De: Ysolda Cabral


No entardecer de mim....
Que eu não perca a sensibilidade,
Que eu não perca a alegria e nem o bom humor,
Que a esperança sempre acalente meu coração,
Que os sonhos sejam sempre suaves e lindos,
Que os pesadelos sejam totalmente banidos.

No entardecer de mim...
Que eu não tema o que virá,
Que os Raios de Sol sejam sentidos,
Tanto quando os Raios do Luar,
Se não puderem ser vistos.

No entardecer de mim...
Que a música esteja na minha alma,
Se não for mais ouvida;
Que o perfume das flores seja percebido,
Se perder também o olfato;
Que a suavidade da rosa seja sentida;
Mesmo que eu perca o tato.

No entardecer de mim...
Que eu não perca a sanidade,
E caso assim acontecer;
Que o amor de Deus
E a fé que sempre tive Nele;
Me sustente até o fim.

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