Um Amor Forte
Conto
Um Amor Forte
Eu a vi pela primeira vez saindo do colégio de freiras. As aulas haviam terminado e eu passava por ali no momento em que os portões foram abertos. Ela foi a primeira a sair.
Estava sorrindo. Linda pensei! Cheguei a parar feito bobo do outro lado, no passeio da praça. Aquela moça encantou-me. Daquele dia em diante deixei para ir almoçar no horário exato em que os portões seriam abertos. E todos os dias eu a via sair da Escola Normal.
Sempre estava acompanhada, eu ficava de longe, espiando e sonhando com aquela moça, linda, cabelos compridos e loira. As freiras, como sentinelas, de vigia o tempo todo até que as jovens estudantes desaparecerem na praça do meio. E foi assim por três meses. Cada dia que se passava mais e mais eu me sentia atraído por ela.
Um dia me atrevi chegar mais perto, não muito pois as freiras não permitiam a aproximação de rapazes nos arredores da escola. Mas pude ver os seus olhos, eram verdes. Encantou-me mais ainda. Senti meu coração bater descompassado, deduzi estar perdidamente apaixonado por uma moça que nem sabia o nome. Resolvi segui-la, precisava saber onde morava ou tentar me aproximar, falar com ela. Estava decidido, iria conquistar aquele lindos olhos verdes. Sabia que não era feio e muitas moças suspiravam por mim, sei que tinha boas chances, confiava em meu perfil de homem sério. Resolvi me aproximar, na primeira oportunidade iria me apresentar e perguntaria a ela o seu nome. Estava resolvido até pedir a moça em namoro. Foi então que a segui depois das aulas. Quando a vi despedindo-se de algumas amigas e seguindo sozinha pela rua criei coragem apertando o passo. Parei na sua frente e fiz o que havia pensado fazer.
___Qual o seu nome? Ela assustou-se mas respondeu.
___ Louiza é meu nome. Porque quer saber?
___ Não sei se notou mas a tempos passo por aqui no horário da saída da escola.
___ Sim, notei. Aliás todas as minhas amigas também notaram.
___ Mas passo querendo ver apenas você.
___ A mim?
___ Sim, você chamou minha atenção, é a moça mais linda do colégio e eu quero namorar você, aceita namorar comigo?
___ Mas se eu não lhe conheço
___ Meu nome é Carlos e trabalho com meu pai em um armazém de secos e molhados.
___ Eu sei, já o vi por lá.
___ Eu nunca a vi passando por lá. Mas trabalho no escritório e não estou sempre no balcão.
___ Minha mãe compra no armazém do seu pai.
___ Não me disse se aceita namorar comigo?
___ Não pode ser assim, você precisa ir na minha casa e falar com papai.
___ Se você me permite irei hoje mesmo.
___ Não, hoje não. Vá no sábado. Hoje meu pai está em viagem e depois preciso preparar o espírito de mamãe para que ela prepare o de papai.
___ Está certo, hoje é terça-feira, até sábado irei acompanhar você até sua casa depois das aulas.
___ Como quiser.
Foi assim que me aproximei e fiquei conhecendo Louisa. Até no sábado eu me encontrava com ela na saída da escola. Senti que a cada dia me apaixonava mais e mais por ela. O melhor, era correspondido. Depois do sábado nosso namoro deslanchou. Só poderíamos namorar em casa, quando saíamos uma irmã dela nos acompanhava. E nosso amor foi crescendo, um amor forte, marcado para durar até a eternidade.
Quando estava em casa ou no trabalho me pegava fazendo trovas.
Louisa:
no seu nome tens a lua
nos olhos bonita luz
vejo um sol que flutua
e meu coração seduz!
Rabiscava pedaços de papel, depois passava para um caderno. Sonhava com aquela bela moça deixando o pensamento fluir ir ao longe, voar nas asas da imaginação. Esnobava minha imaginação lembrando-me dela:
Louisa:
Senti meu coração bater
Quando os olhos olharam,
Parei, não quis correr
Pois eles se encantaram!
Então foi crescendo o nosso amor, um amor forte, mais forte que a ventania, que a chuva de pedras quando arrazou com a cidade. Um amor onde a bondade mostrou a beleza do coração de Louisa. Hoje continuo convencido de que minha riqueza foi encontrar esta mulher por quem me apaixonei e me casei. Por isto escrevo para ela minhas trovas, mostro o apaixonado que fui e que sou.
Louisa:
Fui marujo de muitos mares,
Vi tempestade na lembrança
Pensei voar noutros ares,
Em você encontrei bonança!
Minha viagem agora finda,
Escolho minhas memórias,
São flores que o amor brinda
Dentro da feliz, doce história!
E de mãos dadas hoje caminhamos pela praça da Escola Normal. Relembramos nosso tempo de jovens apaixonados. Inda me vejo com cara de bobo espiando ao longe sem saber como fazer para chegar perto daquela linda moça loira. Acabo me convencendo de que fui e sou um romântico inveterado, o melhor, encontrei um amor como sempre quis. Um amor suave, simples, um amor forte!
Louisa:
Nos versos de uma trovinha
Eu penso, lhe falo de amor,
Ele está em cada entrelinha,
Da vida, feita em aberta flor!
Nosso casamento é o coração
Feito hóstia, entre a luz e a flor,
Subiu alto, suave e terna elevação,
Na missa eterna do nosso amor!
O preço da minha vida
Costumo ter uma medida
Seu valor é etapa cumprida
Tem o tamanho do meu amor.
Amor é divina centelha,
Não engane seu amor,
Vive como vive a abelha
Sem macular a flor!
O amor é coisa mais bela
Presente de Deus a nos dar
Chama acesa da vela
Na mesa de um altar!
Marta Peres
2 Comentários:
Graça e amor1
Que maravilha! Quanta preciosidade reunida nesta página, onde a salutar dimensão cortizonal se faz presente.
Com profunidade amei as composições poéticas, onde a sensibilidade foi o ponto alto.
Destarte, meus parabéns! Deus seja louvado por tudo isto!
José Bonifácio
Por josebonifacio, às 13 de abril de 2009 às 22:10
Confesso que estou emocionada com
tanta beleza! Que maravilhosas
obras literária!Cita o amor esse nobre sentimento que é do mundo
a luz!
Parabéns! por nos proporcionar
tantas emoções!
Beijos de grande estima querida Marta!
Por hortencialopes, às 14 de abril de 2009 às 06:38
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