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sábado, 16 de fevereiro de 2008

POSTO A FRENTE DA DISTÂNCIA

Oswaldo Antônio Begiato

POSTO A FRENTE DA DISTÂNCIA






POSTO A FRENTE DA DISTÂNCIA





Sentado, com os braços cruzados,
Neste banco frio de cimento armado
Posto à frente de alguns despedaçamentos
Olho a distância
Onde as coisas mais caras
Foram todas guardadas e,
Agora intocáveis,
Nem mãos e nem olhos as podem sentir.

É uma distância
Onde se perdem tantos sonhos.
Perdem-se todos os sonhos de criança
Que vão se minguando nas impossibilidades;
As impossibilidades sim,
Se avolumam e sufocam
O menor sorriso que desponta novo no rosto
E se forma espontâneo
Como o jorrar da água na pedra.

Lá também deixaram lacradas
Todas as palavras doces;
Aquelas capazes de sangrar
Sem fazer doer a carne
E as capazes de cicatrizar
As mais fundas fendas.

É por lá que estão agora
Todos os calores;
Aqueles que o Sol espalha
E os abraços recolhem
Pra aquecer o peito,
Iluminar a alma
E eternizar o encontro dos lábios.
É na distância que Ando perdido
Feito o rabo de um cometa
Que se apagou de tanta caminhada.
Procuro-me com lanternas nos olhos
E fogo no tendão de Aquiles.
Mas não me encontro.
Perdi-me de mim mesmo.

Oswaldo Antonio Begiato

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