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sábado, 16 de fevereiro de 2008

NATAL

Oswaldo Antônio Begiato


NATAL



Olhe
O amanhecer de todos os seus dias.
Sinta a quantidade de luzes
E calor
Que se despencam dos céus
Brilhando e piscando sem parar.
- Arvore de Natal de todos os dias:
Ilusão que não se mede.



Olhe
O amanhecer de todos os seus dias.
Celebre a quantidade de presentes
E surpresas
Que a vida lhe prepara toda manhã.
- Comemoração feliz de seu Natal?
Ceia que não se pode digerir...
Não seria melhor nem ter nascido?



Olhe.
É pelos amanheceres inofensivos
Que as pessoas vão se enxertando em nossa vida
Querendo mudar a cor de nossas rosas.
Não sabem que estão lidando com raízes
Que escrevem torto por linhas tortas.



Não se iluda muito com as raízes:
Elas jamais pedem nada em troca.
Na maioria das vezes
Estão recolhendo material
Para um único verso,
Às vezes para uma única rima.



Chove?
Olhe assim mesmo.
Atrás da chuva que seus olhos vêem
Há um amanhecer que somente sua alma
Pode enxergar.



Então meu amor,
Dê-me suas mãos e seu olhar
E caminhemos juntos
Porque a vida é breve,
Os amanheceres ilusórios,
As raízes todas encantadoras,
E a solidão necessária.



Nossa vida não precisa ser grande,
Pode caber no menor dos banheiros;
Grande precisa ser nossa solidão,
Embora qualquer solidão caiba com sobra
No menor dos copos de uísque
Ou na menor latinha de cerveja,
Desde que bem gelados.



Olhe,
Estou pensando em lhe convidar
Para ver nossos amanheceres
De dentro de um banheiro.
Levo comigo um litro de uísque bom
E peço que traga uma caixa de cerveja.
E muito gelo.



Aí sim, felizes, poderemos criar raízes
E mudar a cor de nossa solidão.



Jundiaí, em 26 de dezembro de 2.007.

©Oswaldo Antonio Begiato.

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