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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Novos Talentos

Poeta ímpar! Talento rico de seiva, que não poderia, jamais deixar de ser apresentado por este jornal magnífico.
Este poeta vem contribuindo magníficamente às nossas letras.Sensível, nos oferece verdadeiro cerne da arte poética. Poeta de rara expressão que deve ser conhecido e respeitado pelo mundo.

Oswaldo Antônio Begiato


PEQUENA BIOGRAFIA

Nasci, sob o signo de escorpião, em 26 de outubro, no ano de 1.953 em Mombuca, uma pequena cidade do Estado de São Paulo, vizinha de Capivari, terra de Tarsila do Amaral, que o destino a quis cruzando os caminhos de um certo Oswald que tinha como vício as palavras.

A mim acrescentaram dois artigos masculinos, um para ser Oswaldo e outro com acento circunflexo para determinar meu centro, Oswaldo Antônio Begiato.

Quando percebi isso, fiz das palavras minha terra natal.

Ainda pequeno vim para Jundiaí, também São Paulo, onde me fiz advogado sem banca, aposentado sem queixas e onde moro até hoje.

Vestindo calças curtas, e ainda menino, estudei em Seminário de padres missionários, na cidade de Aparecida do Norte, que de norte não me mostrou quase nada.

Mas quando me vi adolescente abandonei a vocação que nunca me fora de verdade, mas foi lá que comecei a escrever meus primeiros versos.

E lá também comecei a mudar a minha fé. Digo isso porque minha poesia tem muitos resquícios da doutrina católica.

Faz tempo que não vou à missa.





ORAÇÃO A MIM MESMO

Que eu me permita
Silenciar e aprender e sonhar mais.
Falar menos com minhas certezas
E mais com meus gestos de gratidão.
Chorar menos pelos cantos
E mais na presença de meus amigos.
Acreditar mais na importância de minhas bobagens
E menos na de meus grandes planos.

Ver nos olhos de quem me vê
A admiração que else me têm
E não a inveja que prepotentemente penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos
E minha boca estática,
As palavras que se fazem gestos
E OS gestos que se fazem palavras

Permitir sempre
Escutar aquilo que eu não tenho
Me permitido escutar.

Saber realizar
OS sonhos que nascem em mim
E por mim
E comigo morrem por eu não OS saber sonhos.

Então, que eu possa viver
OS sonhos possíveis
E OS impossíveis;
Aqueles que morrem
E ressuscitam
A cada novo fruto,
A cada nova flor,
A cada novo calor,
A cada nova geada,
A cada novo dia.

Que eu possa sonhar o AR,
Sonhar o mar,
Sonhar o amar,
Sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas,
Dos movimentos,
Do impossível,
DA imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras
Pelo toque,
Pelo sentir,
Pelo compreender,
Pelo segredo das coisas mais raras,
Pela oração mental
(aquela que a alma cria e
Que só ela, alma, ouve
E só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor,
Experimentar a forma,
Vislumbrar as curvas,
Desenhar as retas,
E aprender o sabor DA exuberância
Que se mostra
Nas pequenas manifestações
DA vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
Que entra pelos meus olhos
Fazendo-me parte suprema DA natureza,
Criando-me
E recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza
E mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
Que em vão não sejam
Minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos,
Mas saiba recuperar meus destinos
Com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,
Principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça
Toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
E desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno
Dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
Pequenos e inexatos,
Humilde diante de minhas grandezas
Tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
Minhas grandezas
E o quanto é valiosa a minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe,
Ser pai,
E, se for preciso,
Ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei
E aprender o muito que não sei,
Traduzir o que OS mestres ensinaram
E compreender a alegria
Com que OS simples traduzem suas experiências;
Respeitar incondicionalmente
O ser;
O ser por is só,
Por mais nada que possa ter além de sua essência,
Auxiliar a solidão de quem chegou,
Render-me ao motivo de quem partiu
E aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar
E ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
Fazer gentilezas quando recebo carinhos;
Fazer carinhos mesmo quando não recebo
Gentilezas.

Que
Eu jamais fique só,
Mesmo quando
Eu me queira só.

Amém.

Oswaldo Antônio Begiato

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