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quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Poesia e Eu!



Meus Silêncios

Nada direi,
guardei em cofre grande dor,
engavetei no armário
deixando bem trancado
a desilusão e mágoa,
só que encheu,
transbordou
palavras pronunciadas,
estavam guardadas no seu coração,
prontas para saírem,
vontade sua correu como água,
gritos, sarcasmo, ofensas
escorreram como lodo.
Lágrimas arderam nos olhos,
tristeza imensa na alma.
Tudo juntei com o rodo,
não permiti rolarem
para a calçada,
engoli seco.
Alma ensanguentada
trancou-se no quarto,
chorou amarguradamente.

Marta Peres



Nosso Amor

Senti as pernas vacilarem
quando num repente meus
olhos encontraram os seus,
pareceu-me vê-los falarem!

Foi quando o amor se revelou
ao coração, olhei e nem sabia
o que dizer, não sei se você ou
eu, tomou a decisão. Lindo dia!

Rosas abriram-se mais coloridas,
o céu ganhou mais azul, mais cor.
Já não podia mais lhe esquecer!

E no olhar, palavras doces, bonitas
de se ouvir como se nosso amor
bastasse, somente a nós dois saber!

Marta Peres




Maria, Aonde vai?

Demente ela segue pela rua,
anda todo caminho sem encontrar
destino. Aonde vai? Aonde?
Nem ela mesma sabe dizer.

Alucinada passa pelo meio da rua,
não vê carros, não enxerga perigo,
aonde vai? Aonde? Algumas vezes
grita, diz impropérios, mas segue.

Pobre desgraçada! Maria qualquer
andando sem rumo, descalça,
sentindo no rosto o vento murmurar...
Aonde vai? Aonde pergunto eu?

As vezes passa cantando mesma
melodia, voz de dor, de saudade
ou desespero. Meus ouvidos sentem
ternura imensa sem saber a causa.

Somente ela entende, somente Maria
sabe o que passa em sua alma. Aonde
vai aquela mulher? Ninguém sabe, ninguém
consegue ver, ela some na fumaça.

Marta Peres


Desamparo

Ouço as pancadas sucessivas do relógio
sem conseguir pegar no sono, horas
e horas eu não tenho sossego da alma,
cada segundo soa lúgubre. Noite sem fim!

Triste escutar cada pancada do relógio
vivendo cruel abandono. Nada há que alivie,
sono se foi, sonho acordada enquanto ouço
a voz dos meus fantasmas chorando, gemendo.

Forma imprecisa de pranto, ando pela casa,
chego até a janela, nada sossega a alma.
Raiva e dor se misturam, quando percebo
ser desaproveitada tanta energia gasta.

Forças vão pouco a pouco acabando, sons
estranhos ainda persistem,subconsciente
não cnsegue desvencilhar-se dos delírios,
aurora vem aproximando, durmo soluçando.

Marta Peres




O Poeta Emudeceu

De onde vem essa tristeza
que angustia deixando a alma
calada, sem chão para pisar,
sem luz, apagada e lacrimosa?

Na tarde chuvosa o Rio chorou,
perdeu o encanto de cidade
maravilhosa. Governantes não
acreditaram na fúria da natureza.

Antes do temporal veio o escuro
nos céus, escuro que doía coração
de alguns, alma de passarinhos
e gaivotas tentavam avisar.

Dos céus, jorrou água como na fonte,
o poeta olhando pela janela sentia
as dores de cada respingo. Perdeu
a rima, terreno virou mina, alagou-se.

Sua alma condoída chorou ao ver que
a água da chuva virou lama, não era
cistalina, sangue inocente se misturando
a ela, descendo encostas, ceifando inocentes.

Marta Peres



Desabafo

Decidida vou soltando
as palavras, letra por letra
vai entrando no poema, chorando
minhas penas na caligrafia rabiscada.

Quando o vi naquela casa quis morrer,
coração derramou prantos depois
de tanto tempo de separação.
Me vi em grande abandono.

Quanto o amei,
apaixonadamente amei,
perdidamente me entreguei
a um amor que foi perdição.

Senti-me a últimas das mulheres,
me vi num barco a deriva
sem pespectiva de porto.
Meu amor nasceu morto.

Marta Peres




O Telefone

No turbilhão dos meus sonhos
telefone toca, desfilam visões
e meus olhos não se afastam
do aparelho cor de chumbo.

Ele insiste, estridente grita
continuadamente, chama,
irrita deixando-me tonta,
azeda pela tamanha insistência.

Tento tocar nele, arrepios pelo
corpo, volto-me para afastar,
sinto-me arrebatada a atender,
pensamento dá voltas, paro.

Como se meu corpo fosse espiral,
contorce, olho o telefone donde
saem gritos de lamentos, distingo
feições até ver o fantasma se calar.

Marta Peres




O Telefone

Desespero na alma
quando ouço o telefone
tocar e já vai anoitecer,
você não vem...

O apelo continuado...
grito de agonia faz tremer
as mãos e pernas,
ansiedade na alma...

Não o consigo fazer parar,
alucinado grita meu nome,
entro e saio sem desviar o olhar
do telefone cor de chumbo...

Marta Peres



Recado

Eu o amo tanto! Queria que se lembrasse,
eu existo e penso, amo você,
pois não sei viver sem seu carinho, sou
apaixonada por você.

E sou o sorriso
que o acompanha nos momentos felizes,
o lenço que enxuga seus olhos,
a mão que alivia sua dor.

Eu sou o sol que afasta nuvens de tristeza,
aquece seu coração, eu sou aquela que quer
estar junto a você, viver, para sempre,
tecendo a sua, nossa felicidade.

Marta Peres



Do Desespero

Choro dentro dos olhos
toda mágoa do coração,
um choro dolorido, onde
a dor pungente cai, alivia
a alma lancinante, aflita.

Pedaços de mim vão
se juntando aos poucos,
rotos, sentem ânsia
de serem cerzidos
na dolorosa angústia.

Marta Peres




Coisas do Destino

Sinto coisas que passam no ar,
ele pesa,
tudo em volta se torna volumoso,
obscuro,
massa de coloração negra
toma forma e posição,
uma textura rugosa
mal iluminada,
sinto medo...
Pois dura eternidade
e suave perfume paira no ar
recheado de gotículas avermelhadas,
consistentes,
quentes.
Tento pegar,
sem contorno
não consigo
fogem,
insisto sem poder olhar
meu destino...
Não tem sentido nem aparência
nem preço,
perdeu a função
de tudo,
já não tenho paz!

Marta Peres




A Canção da vida

A vida é uma roda-viva,
vai me levando onde quer
eu vou deixando
rodopiando
dançando
como pião...
A vida vai me levando de arrasto,
se hoje é segunda-feira
amanhã já é domingo,
novamente segunda, outra vez...
tudo se repete...
Na grande agitação da vida
tumulto dentro de mim,
não sei se quero cravo ou rosa,
violeta ou jasmim.
No azáfama da vida enrolo-me
nas teias que o destino tece,
enrolada sem ter como fugir,
sinto o corpo que padece.
Rogo a Deus uma prece,
tudo desaparece
até que novamente,
acontece...

Marta Peres



Ternura

Estrelas deixei cair
da minha toalha de rendas,
duendes buscaram a linha do infinito,
bordaram sonhos.

E orquídias amadurecidas,
violetas amarelecidas,
completaram com a luz do sol
o tom mais belo, da esperança.

Marta Peres



Da Desavença

Após longo silêncio
descortinou-se mural de palavras.
Sensível ocultou-se à sombra da luz,
talvez para não ouvir certas palavras.
Cerrou cortinas escuras enquanto
dissertação era rasgada lá fora, chegando
ao ápice da decrepitude moral.
Calada sentia olhos arderem
em nuvens engasgadas, engasturadas.
Sabedoria levou-a calar-se, baixar a cabeça,
enquanto ignorância bradava em altos sons.

Marta Peres



Amar e Ser Amada

Amar e ser amada!
Como sonhei a vida inteira,
acalentei sonho dourado
na minha juventude, esperei, busquei,
tudo fiz para realizar. Escolhi amar
você, seus olhos verdes chamaram
atenção, fizeram brotar amor no coração.
Amor: Sentimento puro como rosa
em botão, nossas vidas matizadas
com as cores do arco-íris, só felicidade.
Sonhei, eu sonhei unir minha alma
à sua como almas gêmeas.
Juntos viveriamos nosso amor,
mesmo na dor nosso castelo resistiria.
Foi sonho meu, meu castelo possuia
paredes frágeis por ser só meu o sonho.
Foi sonho, água passou, tudo levou.

Marta Peres





Dança das Palavras

Embaraço-me nas palavras
que embaraçadas dançam
ante meus olhos lacrimejantes.
Certeza que ele se foi
pesa no coração,
nunca mais!
À frente gotas caem sobre
o papel, mãos indecisas,
trêmulas, se desesprendem
na ânsia de grafar todas
as sensações
e sentimentos sentidos,
palavras vão se perdendo
pouco a pouco, dançam
frente aos olhos embaraçadas,
caneta cai sobre a mesa,
soluço de saudade, vazio
toma lugar dos versos.

Marta Peres


Hai Kai

Gota Azul, Flor Azul

Gotas caídas
do céu manchando flores,
azul transformou.

Sorriso azul,
Flor azul, Gota Azul,
bela amiga!

Flor azul,
carrega na alma, doçura
da natureza!

Realize seu sonho
nesta caminhada,
Flor de Lótus.

Marta Peres




Só uma chance

Depois de tudo...
só uma chance pedi
precisava provar o amor,
foi então que percebi.

Jamais havia amado,
mentiras foram as juras,
até as flores eram mentirosas
como seu coração traiçoeiro.

Eu quis tanto!
Hoje vivo neste pranto
de mágoas pensando:
teria sido tão bonito!

Só uma chance
e nem quis me ouvir,
seguiu seu rumo calado
deixando destroçado coração.

Marta Peres


“Meu Limite”

Espero, não vem, coração palpita forte
pela ventania que antevejo, mar bravio,
meu amor sem paciência não vê norte,
na cabeça vento sopra, ouço assovio.

Mesma coisa, sempre o mesmo, não melhora,
já não acredito em juras, mentiras é o que diz,
não vai deixar o vício nem mudar, cada vez piora,
chances eu dei, não suporto mais, isso, jamais quis!

Meu amor anda cansado, resistindo a maresia,
de bar em bar a tantos anos, amigos e mais amigos,
sob a luz das estrelas, na quietude da noite, só mania,
apaixonada pela grande beleza, calo, vivo meu castigo!

Meu coração palpita, há de ficar separado pela distância,
flores não se abrem, o sol não sai, copos vejo à minha frente,
dentro do silêncio da noite, ele vagando em sua constância,
transfigurada penso e decido, não quero mais, chego ao limite,

Marta Peres

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