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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Marcas



Marcas

do continuum de uma história
plena de agoras
outrora
não vividas
irrompem
de forma abrupta
o despertar
do qual tanto anseio.

meu passado
que não se fez
é AION
tempo mágico
ah! venha tomar-me
de assalto
e à ti
me entrego
à acção vindoura
do que ainda me resta
longe de CHRONOS
faminto e brutal

te quiero
como amante
KAIRÒS
desfigurante
vívido, pulsante
e não linear

como numa
brava magia
de Moiras
dançarinas
celebrantes
da Vida
esvoaçante
desejante
pra nós.

Ana Paula Perissé*

(deixemos uma celebração lunar atemporal ao ano gregoriano de 2009)

3 Comentários:

  • Incrível relato da pulsação do tempo sentido, que não necessariamente deve ser quantificado.
    Que mania a nossa de querer ordenar aquilo que é do âmbito do vivido, do caos, do fulgaz!
    Dá uma vontade louca de sair dançando e pulsando junto com o ritmo que suas palavras ditam,irmã, que já se fez eterna e que me enche de orgulho.

    Por Blogger Ma belle, às 23 de dezembro de 2008 às 13:49  

  • Quem inventou o tempo ?
    não foi um coronel em trajes espaciais, nem mesmo o dono do carnaval
    Poderia ter sido um velho alquimista bêbado cuja memória se perdeu ... no tempo.
    Então ficamos assim, ninguém é dono do tempo, e tanto faz uma elipse contínua em direção ao nada ou o todo arrumado colorido sem rumo naquela velha estrada. Naquela antiga máxima, melhor queimar de uma vez que enferrujar ...

    Marlowe

    Por Blogger Unknown, às 23 de dezembro de 2008 às 15:15  

  • O que em Perissé lhe torna o estilo pessoal - já o disse uma vez - é a doçura que empresta às palavras, tornando-as uma sucessão de musicalidade encadeada. E o conteúdo,ah, o conteúdo: atemporalidade. O que só existe como referencial não dicionarizado. Não é passado, nem presente e nem futuro. Assim, criar uma fórmula poética desse entendimento é como libertar o tempo do cárcere da mente que inventou o tempo quantificado. Beleza de operação metalingüística. Difícil de ser dramatizada sem a natural submissão a Shakespeare comparado... Quase surreal do ponto de vista literário... Parabéns, linda poeta!... Estebanez.

    Por Blogger AFONSO ESTEBANEZ STAEL, às 23 de dezembro de 2008 às 16:30  

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