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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sertaneja


Sertaneja

Já ando cansada da vida
Da lida do dia-a-dia
Na iscavação da terra
Incheno a talha com água
Sem contudo água incontrá.

Iscavei, iscavei, nada incontrei
i oia, já faiz um tempo
Qui o rego d’água secô
O mio qui tava prantado perdeu
i perdeu todo o roçado,
marido chorô calado
isso vi no travessero
quando dia ia raiano
i era meis de janero.

Secô tudo, secô, secô
A terra cumecô abri
E eu me puis a chorá
A vaca num dava o leite
Pra minha criança engordá.

Tudo seco, seco, seco,
Até meu coração secô
Nem um pingo d’água
Pra moiá o meu quintá
Quicá meu coração
Qui vive triste
i sem amô.

Marta Peres

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