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domingo, 20 de abril de 2008

NEFERTARI(Judit) e Suas Poesias!


Judit, ou Nefertari, linda poetisa, belo versejar!
Dentro de sua humildade e da pessoa maravilhosa mora uma poetisa que explode em versos encantando a todos que passam pelo seu caminho. Mais uma poeta que deixa marcas dentro da literatura do país!



TUA VOZ

Deixa que eu ouça tua voz diferente:
a sedução que um dia eu senti...
melodiosa, aveludada e quente,
sensual doçura que nunca esqueci -
evoca luxo, luxúria do Oriente!

A tua voz de seda e chantilly
(dueto de sabiá e juriti...)
de aves, no manto da manhã:
rouxinol, bem-te-vi e acauã...
Vibração inebriante que vivi!

Só isso eu te peço, amor meu:
ouvir a linda voz que me aqueceu
e depois...posso seguir, já nada importa!
Quero sentir que o Amor não se perdeu,
que o Tempo o afastou...mas,não o corta!

NEFERTARI(Judit)


RIMAS SEM ARTE
(Sob o céu de Garanhuns)

Aqui, do Alto da serra,
perto de árvore antiga
que tanta Beleza traz,
eu penso neste viver
(e tudo em volta, é Paz...)
Vou pensando: o que é a Terra?
O que aqui é permanecer?
Que é emoção amiga -
se há por aí, desamor,
tão pouca flor, tanto espinho?!
Tão pouca Felicidade,
tão pouca Sabedoria,
oceano de vaidade,
mares de hipocrisia,
afogando o Amor!
Sob o céu de Garanhuns
- um oásis silente,
de eucaliptos e rosas...
Vejo que existem alguns
de coração inocente,vibrações harmoniosas.
Há, porém, quem só enseja
mesquinharia e dor - sem caridade, carinho.
Deixa o fel da inveja
corroer tudo o que for
diferente, em seu caminho.
Que coisa inglória e vã
essa falta de leveza!
Penso num novo AMANHÃ:
e quero-o com a pureza
de um pássaro que volta ao ninho.

NEFERTARI (Judit)


BOA NOITE!

BOA NOITE,
linda Amizade
diferente,
que me vem de um mundo
que existe - e não existe!
BOA NOITE,
incógnita deslumbrante,
nunca desvendada.
BOA NOITE!
Leio suas palavras,
mas, não escuto sua voz,
vejo imagens enviadas,
mas, não seu rosto
e suas expressões.
QUEM É VOCÊ?
BOA NOITE, Mistério,
que se confunde com o mistério da Vida,
com o Mistério da Noite...
E a noite é uma Mulher Misteriosa...
E a Vida é um DOCE MISTÉRIO ...

Judit (NEFERTARI)




Reencontro com RECIFE

Recife, meu bem-amado,
abre os teus braços de FREVO
e dá-me um abraço apertado
-te suplicar, eu me atrevo.
Recife, amor antigo...
Te levei sempre comigo
por todo canto que andei.
Recife, apenas tu
nos caminhos que trilhei.
Apenas tu - ninguém mais!
O baque do maracatu...
Magia dos carnavais...
Recife, não te deixei!
Recebe a soma dos passos
dos espaços que pisei.
Reato agora os laços,
meu doce amado: VOLTEI!

(JUDIT/NEFERTARI, em:28.12.2007)


Carnaval no RECIFE

Meteram uma peixeira no bucho de Colombina
que a pobre, coitada, a canela esticou!
Deram um rabo-de-arraia em Arlequim,
um clister-de-sebo-quente em Pierrot!

E somente ficaram os máscaras da terra:
Parafusos, Mateus e Papangus...
e as Bestas-Feras impertinentes,
os cabeções e as Burras-Calus...
realizando, contentes, o carnaval do Recife,
o carnaval mulato do Recife,
o carnaval melhor do mundo!

- Mulata danada, lá vem Quitandeira,
lá vem Quitandeira que tá de matá!

- Olha o passo do siricongado!
- Olha o passo da siriema!
- Olha o passo do jaburu!
- E a Nação-de-Cambinda-Velha!
- E a Nação-de-Cambinda-Nova!
- E a Nação-de-Leão-Coroado!

- Danou-se, mulata, que o queima é danado!

- Eu quero virá arcanfô!
Que imensa poesia nos blocos cantando:
"Todo mundo emprega
grande catatau,
pra ver se me pega
teu olho mau!"

- Viva o Bloco das Flores! - Os Batutas! - Apois-Fum!
(Como é brasileira a verve desse nome, Apois-Fum)
E o Clube do Pão Duro!
(É mesmo duro de roer o pão do pobre!)

Lá vem o homem dos três cabaços na vara!
"Quem tirar a polícia prende!"
Êh garajuba!

Carnavá, meu carnavá,
tua alegria me consome...
chegô o tempo das muié largá os home!
chegô o tempo das muié largá os home!

Chegou lá nada...
Chegou foi o tempo d'elas pegarem os homens,
porque chegou o carnaval do Recife,
o carnaval mulato do Recife,
o carnaval melhor do mundo!

- Pega o pirão, esmorecido!


Ascenso Ferreira


Da minha nostálgica lira...
PARA VOCÊ, NO SEMPRE DOS SEMPRES

Para você, que nunca vi
e nem verei,
para você, que nunca tive
e nem terei,
espinho e flor,
meu amor,
meu carinho...
Esta saudade,
de algo que não existe,
que nem sei
se é bom ou triste,
ou só ilusão
de um coração
sozinho.

...Quando meus raros momentos materiais
me aproxima de outro ser, vejo/sinto apenas
tua boca, teu rosto, teu corpo...
amor meu,
assim imaterial, irreal, ideal.

(JUDIT / NEFERTARI)


Diamante Luminoso

numa caixa de negro veludo,
é noite
e tudo
parece de um brilho sem fim.
Na noite
eu me escondo
e não respondo
a quem
chamar por mim.
Judit/Nefertari


ÊXTASE (LUZ)

Mansa é a Luz que me vem,
e no entanto,
toda me inunda de encanto
e me desnuda,
mostra-me um mundo Além,
me deixa muda
e tonta, tonta de espanto!

Que Luz é essa que me vem assim
e toda me ilumina
da Beleza me aproxima,
transformando tudo em mim?
Não sou corpo, nem a sina
de mulher, que me anima...
sou humana ...e sou divina!


Pela Luz que assim me cai
e me deixa inebriada
num frêmito que me percorre...
(a vida é essa que vai,
ou fica estagnada?)
Oh, não entendo mais nada!
Oh, Luz, vem e me socorre!

Luz, vem de novo aqui,
me explode em megatons
(energia total, crua.
Preciso de estar em ti,
porque me deixaste nua...)
quero ouvir os Teus sons...
Mais uma vez toda Tua!!!

(JUDIT/NEFERTARI)


ALEGORIA

Pássaro fugitivo, de asas velozes,
num vôo altivo, vais longe daqui.
Meu olhar (vivo em dúvidas atrozes)
vive pelo ar, à procura de Ti.

Clama por Ti, tudo aquilo que sou:
pele, músculo, sangue e desejo,
minha vida e o caminho onde estou,
tudo isso está em Ti: eu me revejo.

Quisera contigo também eu voar
e alcançarmos, num Tempo Depois,
não exatamente algum lugar...
mas, o Grande Mistério de nós dois!

(JUDIT/NEFERTARI)


QUASE (Uma Experiência Inacabada)

Quase que uma manhã nascia,
pois serena e radiosa era a madrugada.
Quase, repito, houve um belo dia
de sol, de mar, de rosa desabrochada.

Quase que acontece algo sublime:
luz e flor e borboletas num jardim.
Canto de paz, de amor puro que redime
qualquer nuvem escura do sem-fim...

Quase que eu soube navegar e voar...
(talvez não tenha sido uma boa aprendiz.)
Quase que fui terra, fogo, água e ar...
quase!... Quase que fui feliz!

(JUDIT/NEFERTARI)



EM PRETO E PRATA

Ontem à noite saí pela alameda
toda vestida de preto... e de prata...
e, na maciez do vestido de seda...
comemorando... relembrando a data...

O céu também era negro veludo
e a lua, enorme e prateada.
Comemorava-se, ruidosamente, TUDO !
E em meu coração, não havia NADA !

Teu claro olhar já não me arrebatava...
(e até a lua... pareceu-me desbotada.)
Eu, Vesúvio adormecido e sem lava...
Saí liberta,
em preto e prata, na noite aveludada!

(JUDIT/NEFERTARI, em 25.10.2007)


Identidade

Quando eu faço minhas rimas
(as vozes da minha alma)
tudo cá dentro se acalma...
ou se revolve e alucina
por revelar o que penso.

Quando eu faço os meus versos
(pois eles falam por mim)
procuro meios diversos
que dizem do mesmo fim
nesse meu tempo suspenso.

(JUDIT/NEFERTARI)


Véu de Ísis (Sabedoria)

Rendida por Teu encanto,
acho-me eu. Misticismo? Rosacruz?
Abraão, Akhenaton, Maomé, Buda, Jesus?
Todos juntos... nem me espanto:
Teu Mistério me seduz!

O que há por trás do Teu Manto?
O que há por trás do Teu Véu?
Te sinto aqui... e, no entanto,
onde o Paraíso? ... O Céu?
Onde é que a Vida reluz?

Ouço Tua Voz... Teu Canto...
Lótus do Amor... que sei eu?!
Onde tudo me conduz?
Caminhos que acalanto,
na Rosa do corpo Teu!

(JUDIT/NEFERTARI)


Estrela e Rosa do Amor

Numa manhã de longe, vieste, enfim!
Energia esplendorosa,
uma vibrante Rosa,
uma Estrela-guia!
(Riso, pérola, pétalas desfeitas.)
Flamejante, luminosa,
a mais bela rosa,
a exata sinfonia
de ouro, azul e marfim.
(E, de longe, me espreitas...)
Estrela de alfenim.
Estrela e Rosa: uma flor.
Tu, pétalas de rubro cetim,
que em meu peito, cabes.
És todo o meu Amor -
e Tu o sabes!
Estrela de um céu-jardim,
pétalas que ao léu, deitas.
Rosa da mais linda cor
(flor - arcanjo - serafim ...)
És todo o meu Amor -
e Tu, me aceitas?

(JUDIT/NEFERTARI)


Sem Frevo na Alma

Ontem (quando eu te amava)
o mundo parecia uma festa:
em minha rua e em cada avenida
o Frevo (de sombrinha aberta e colorida)
fazia um carnaval em minha vida,
na efervescência
que sonhei!

Ontem (quando eu te amava)
os girassóis murcharam de repente...
o céu em cinzas... a vida, nua.
Desapareceram Frevo, Sol e Lua
em minha rua feia e diferente...

Hoje (que já não te amo)
o mundo não é festa -nem tristeza:
é só dormência...
O Frevo emudeceu (só há frieza...)
E tudo é sonolência,
na calma que inventei.
Hoje (que já não te amo)
nem saudade tenho (e nem alegria.)
A vida corre/escorre,mansa e vazia,
sem ardência,
na alma que deixei.

(JUDIT/NEFERTARI)


BORBOLETA DE OUTONO

Ela enfim surgiu! Tal como a lua...
Apareceu tão linda em meu jardim
(que antes era só todo abandono.)
Ela sorriu! Roçou a asa sua
pela rosa, pelo cravo e o jasmin
borboleta-estrela deste Outono.

É tão bela! E eu só posso vê-la...
Mas eu queria tê-la para mim
(mesmo que o vento seja o seu dono.)
Preciso dela! A borboleta-estrela
de nuvem e asas feito um serafim,
toda de seda, de sonho e de sono.

(JUDIT/NEFERTARI)


RECIFE

Recife, minha saudade,
onde está tua paisagem?
Te mando minha mensagem
de amor e de carinho.
O sol de Boa Viagem
Madeira do Rosarinho
maracatu, caboclinho,
o Galo... os carnavais!
Recife, minha cidade,
longe do teu burburinho
das tuas ruas centrais...
"Rua antiga da Harmonia"
(salve Antonio Maria!)
igrejas e catedrais.
Recife (minha vaidade)
viva o Bloco da Saudade!
Tuas praças, tuas pontes,
tuas ruas, rios e fontes,
o Capibaribe. Os montes
Guararapes... os horizontes
verdes dos canaviais,
o luar nos coqueirais!
Estando longe ou perto
"cão sem plumas", eu desperto...
João Cabral de Melo Neto.
O meu poeta Bandeira,
Capiba e Nelson Ferreira,
a Frevança verdadeira
que os tempos não trazem mais!
Minha terra de beleza,
portuguesa-holandesa,
Ah, Veneza... Brasileira!
Te mando à minha maneira,
a minha saudade inteira,
pois não te esqueço jamais!
(JUDIT/NEFERTARI)



PÁTRIA AZUL

Lá (somente lá) eu serei Tua.
Renascerei enfim - inocente, nua,
por sobre nuvens róseas de cetim.
Lá, onde não há a Dor nem Morte,
lá,sim! eu terei bem melhor sorte
e Tu virás sorrindo para mim.

Lá, na Pátria Azul, no Infinito,
eu terei um destino mais bonito,
do que este que aqui me foi doado.
Lá,onde se diz só a Verdade,
eu viverei feliz na Eternidade,
entre os braços gentis do Ser Amado!

(JUDIT/NEFERTARI)


Libélula de Setembro

Era um domingo... (eu bem me lembro)
em que vi uma libélula adejante,
diáfana, transparente, elegante,
na azulada manhã de setembro!

Setembro!... a lembrança me vem assim
e recordo a libélula esvoaçante,
cortando a vida, o dia, vindo à mim,
na manhã de um setembro brilhante!

Doce domingo... tons e semitons primaveris...
a libélula que veio e que voou,
tão suave como uma flor de lis,
foi um sonho radiante que passou.
Judit / Nefertari

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