.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Um Grande Amor

                                                           Um Grande Amor


Existem pessoas que se amam verdadeiramente e se entregam ao amor.



Pois é, o amor para certas pessoas é um sentimento único e verdadeiro. Muito mais que uma mera palavra “amo” ou “amor” ou “amar”. O amor é um aprendizado, é um sentimento que constrói, que vai cerzindo a prata ou a fogo no dia a dia, é o carinho e demonstração de afeto que se desenvolve entre os seres, levantam o astral um do outro, está junto em qualquer vendaval.



Esse sentimento só se desenvolve entre seres que possuem capacidade de demonstrar.



Depois que os filhos já estavam criados, a maioria casados, com a casa cheia de netos, ele, aposentado e pronto para viver a vida aproveitando o  que na juventude não puderam viver mais intensamente, por conta das responsabilidades do dia a dia. Ela, feliz com os projetos de passeio, descanso e namoro para os dois. Num belo dia, descobrem que ela estava desenvolvendo o Mal de Alzheimer.



Foi uma luta, visitas a médicos, cuidados, ele sempre por perto zelando pelo seu grande amor. Mesmo assim, ele não perdeu a alegria apesar dos olhos dizerem o contrário. Um amor zeloso, cuidadoso, carinhoso, para com sua velhinha.



Mesmo com o Alzheimer o amor não diminuiu, não se maculou, aliás, cresceu.



Anos e anos, os dois juntinhos vivendo o cálice que lhes fora dado viver sem reclamar, sem alarde, apenas procurando fazer da vida conjugal um altar onde Deus, não importando  idioma abençoou aquele casal. Suas vidas foram pautadas na felicidade,  serem felizes era a meta, simples assim.



Mas o Alzheimer levou anos e os dois juntinhos, ele sempre dedicado procurando oferecer a ela o que havia de melhor – chorava escondido para que ela não percebesse, sofria calado longe, porque quando estava próximo dela somente demonstrava alegria.



Viveram um amor incondicional, amor pleno, completo, absoluto, um amor que não impunha condições ou limites. E nenhum dos dois jamais esperou nada em troca, belo exemplo deixado para todos.



No amor de ambos existia algo no ar, era infinito como o de almas gêmeas. Não havia razão para amar, amavam simplesmente.



Foi uma bela história de amor e companheirismo! Como não acreditar no amor?



O amor é um sentimento nobre, capaz de nos fazer flutuar mesmo estando com os pés no chão. Tem coisa mais gostosa que sentir o coração bater mais forte por alguém? Eles eram assim  e todos que junto conviveram sabiam enxergar. A cara de apaixonado dele por ela e dela por ele era visível aos olhos das pessoas. O sorriso de ambos era diferente, era especial.



Porém, foram anos de convivência, anos de conquista, eles souberam como fazer.



Viveram assim, a vida de ambos a fizeram amando em todo seu correr. Viveram um desafio e tanto para chegar no momento de curtir, se depararam com o Alzheimer, nela.



O sofrimento teve o seu início para ambos, para os filhos e todos que os amavam.



Ela era a cara-metade mais doce que um homem poderia imaginar conseguir ter. Alegre e sorridente, de uma beleza que saía do fundo da alma e para todos visível no semblante.



Como tudo na vida é inevitável, um dia, o Alzheimer a levou para junto de Deus. Ele não saiu de perto dela, ficou até o momento final sentindo a alma em trapos. Suportou com força e garra a separação. Hoje, sempre que alguém chega em sua casa ele mostra o porta-retratos, mostra o quanto ela sempre fora linda. Na foto, mais linda que nunca – ele sente saudades entretanto, admira as fotografias admirando a beleza da esposa, que apenas passou para o outro lado da vida.



Viveram mais de cinquenta anos juntos, a felicidade nunca faltou, nunca faltou o sorriso, a compreensão, o entendimento, a cumplicidade que fez esse amor durar a eternidade –  mesmo nas adversidades encontradas.



Dedico esse texto ao tio Wenceslau Oliveira( Cilau) e tia Inês Novaes Oliveira!( in-memórian)


Marta Peres

Marcadores: